Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

 

IMPROVISOS

DE
BOCAGE,
 
 
NA SUA MUI PERIGOSA ENFERMIDADE,
DEDICADOS
A SEUS BONS AMIGOS.
 
 

Parve (nec invideo) sine me, Liber, ibis in Urbem: (Hei mihi!) quò Domino non licet ire tuo.

Ovid. Trist. Lib. I. Eleg. I.

LISBOA, NA IMPRESSÃO REGIA.

Anno 1805.

Por Ordem Superior.

AOS AMIGOS.

SONETO I

Terno Paz[1], bom Maneschi[2], Aurélio[3] caro,

Alvares extremoso[4], Almeida humano[5],

Ferrão[6] prestante, valedor Montano[7],

Moniz[8], que extrais teu nome ao Tempo avaro:

Freire[9], Viana[10], Blancheville[11], ó raro,

Moral tesoiro, que possui Elmano;

Sócio de Flora[12]; e tu de som Tebano

Ó Cisne[13]! E tu, Cardoso, em letras claro[14]:

Monumento honrador da Humanidade,

(Se o Fado me sumir da Morte no Ermo)

Grata vos deixa cordial Saudade.

Ireis nos versos meus do Globo ao termo,

Por serdes, com benéfica Piedade,

Núncios, Núncios de um Deus ao Vate enfermo.

EPITÁFIO.

Se estiver nos meus Fados a próxima extinção de meus dias,

Quod licet, inter vos nomen habete meum.

Ovidio.

 

De Elmano eis sobre o mármore sagrado

A Lira, em que chorava, ou ria Amores.

Ser deles, ser das Musas foi seu Fado:

Honrem-lhe a Lira Vates, e Amadores.

SONETO II.

Se o Grande, o que nos Orbes diamantinos

Tem curvos a seus pés dos Reis os Fados,

Novamente me der ver amimados

De modesta Ventura os meus Destinos;

Se acordarem na Lira os sons Divinos,

Que dormem (já da Glória não lembrados)

Ao Coro etéreo, cândidos, e alados,

Honrar com Ele um Deus ireis, meus hinos.

Mas, da humana Carreira inda no meio,

Se a débil flor vital sentir murchada

Por Lei que envolta na existência veio;

Co'a mente pelos Céus toda espraiada,

Direi, de Eternidade ufano, e cheio:

«Adeus, ó Mundo! ó Natureza! ó Nada!»

SONETO III.

Pela voz do Trovão Corisco intenso

Clama, que à Natureza impera um Ente,

Que cinge do áureo Dia o véu ridente,

Que veste d'atra Noite o manto denso.

Pasmar na Imensidade é crer o Imenso:

Tudo em nós o requer, o adora, o sente.

Provam-te olhos, ouvidos, peito, e mente?

Númen! Eu oiço, eu olho, eu sinto, eu penso.

Tua Ideia, ó Grão Ser, ó Ser Divino,

Me é vida, se me dão mortal desmaio

Males que sofro, e males que imagino.

Nunca Impiedade em mim fez bruto ensaio:

Sempre (até das Paixões no desatino)

Tua Clemência amei, temi teu Raio.

SONETO IV.

Caro a Febo, a Filinto, a Lísia, à Fama,

Na Lácia Fonte, e Argiva imerso Alfeno[15],

Pelas Deusas Irmãs fadado Ismeno[16],

Em que é Númen Razão, Verdade é flama:

Canoro Melibeu[17], por quem derrama

Inveja, e Glória o néctar, e o veneno;

Filósofo Cantor, meu doce Oleno[18],

Doce ao Sócio infeliz, que em ais te chama!

Elmiro[19], que de Sófia o grão Tesoiro

Revolves, possessor, com mão suprema;

E outros, que o Tejo honrais, o Vouga, o Doiro[20];

Dai-me que o Letes sorvedor não tema:

Por vós comprado ao Tempo em versos de oiro,

Cisne talvez que soe à hora extrema.

SONETO V.

Desejo iluso, e vão! Para que traças

Quadro, que imagens divinais of’rece?

A terna, ausente Amada me aparece,

Em Céu de Amores eclipsando as Graças.

Ante a doce Visão, com que me enlaças,

(Já murcho, estéril já) meu ser floresce;

Mas súbito Fantasma eis desvanece

Chusma de encantos, que em teu sonho abraças.

C’roado de Cipreste o Desengano,

O meu nada me agoira… ó dor! mais forte

Do que em seu grau supremo o esforço humano!

Chorai, Piedade, e Amor, tão triste sorte,

Chorai: longe de Anália expira Elmano;

Os que a Ternura uniu desune a Morte.

SONETO VI.

Dura Filosofia audaz forceja

Por dar-me essência nova ao pensamento;

De bronze diz que forre o sofrimento,

E em brasas, como em flores, manso esteja:

Diz, que, ó Leis de Zenon[21], por vós me reja;

Que sabe do alto Sistema alto Portento:

«Os órgãos vivem, morre o sentimento,

«E mudo, e frio, o coração caleja.»

Mas ah! Mais sábio que Zenon o Eterno,

Fonte ás lágrimas deu, deu fonte ao riso:

Co'a Lei das sensações meu ser governo.

Se eu folgasse entre o mal que em mim diviso,

Na mente ousara unir o horror do Inferno

Aos Sóis, de que se esmalta o Paraiso.

SONETO VII.

Agora que a seu lôbrego Retiro

Como que a baça Morte me encaminha,

E o coração, que as ânsias lhe adivinha,

Débil se ensaia no final suspiro:

Musa de Elmano, e Musa de Belmiro,

Una-se a glória sua à glória minha:

Meu nome aguarentou com voz mesquinha,

Eu justo ao seu não fui, e a sê-lo aspiro.

Nem tu me esquecerás, Gastão cadente[22],

Lustroso a par de mim, quando de chofre

Ígneas canções brotei, c'um Deus na mente.

Abri, Verdade, abri teu áureo cofre:

Isto Elmano extraiu co'a mão tremente

No sério ponto que ilusões não sofre.

SONETO VIII.

Não mais, ó Tejo meu, formoso, e brando,

À margem, fértil de gentis verdores,

Terás d'alta Ulisseia um dos Cantores,

[23]Suspiros no áureo metro modulando.

Rindo não mais verá, não mais brincando

Por entre as Ninfas, e por entre as Flores

O Coro divinal dos nus Amores,

Dos Zéfiros azuis o afável Bando.

Co'a fronte já sem mirto, e já sem loiro,

O arrebata de rojo a mão da Sorte

Ao Clima salutar, e à margem de oiro.

Ei-lo em Fragas de horror, sem luz, sem norte;

Soa daqui, dali piado Agoiro:

Sois vós, Desterro eterno, Ermos da Morte!

SONETO IX.

Nestórios dias, que sonhava Elmano,

Brilhantes de almos gostos, de áurea Sorte,

Pomposa Fantasia, audaz Transporte,

As azas cerceai do Orgulho insano.

Plano de um Númen contradiz meu plano,

E quer que se esvaeça, e quer que aborte:

Eis, eis palpita, precursor da Morte,

No túmido aneurisma o Desengano.

A Deus, ó Génios que Ulisseia admira:

(Cantor, que honrastes, honrareis, Cantores)

Versos, prantos lhe dai, que Elmano expira.

Deixai-lhe a cinza em paz, fatais Amores;

E vós, do extinto Vate a Campa, e Lira,

[24]Virtudes, que exaltou, cobri de flores.

SONETO X.

 

Ao Senhor Nuno Álvares Pereira Moniz.

 

Co'a mente juvenil, sublime, alada

Sabes da térrea Mansão, Mansão profana;

Introduzes, Moniz, a ideia ufana

Lá na de Sóis sem conto Estancia ornada.

Já, de Lísia cantando a História honrada,

Soas qual Grega Musa, ou qual Romana;

Já, medrando nos Céus a força humana,

Teu Metro criador faz Ente o Nada.

Nove Deusas louçãs, três Deusas nuas

Te abrem tesoiros: cada qual te admira

No verso graças mil, que foram suas.

Assaz luziu teu Estro: a mais aspira;

E estranho não será que substituas

A tuba de Marão de Flacco à Lira.

SONETO XI.

 

Quero (se meus dias findarem) deixar uma prova do muito em que tive, do muito que merecem os talentos de um dos meus mais caros Amigos.

Ao súbito desastre de um Poeta amado da Nação.

Cantor, que a fronte erguia engrinaldada

Convosco, Idálias c’roas: mirto, e rosas,

Que viu por mão das Tágides formosas

De aljôfares a Lira, e de oiro ornada;

Mente, de etéreos Dons abrilhantada,

Que, solta em produções louçãs, pomposas,

Surgiu, voou com azas luminosas

Ante o Bando que vai de rojo ao Nada;

Estro, opulento do Febeu Tesoiro,

(Já dos épicos Sons talvez no ensaio)

Ouviu sair das trevas triste agoiro.

Seu Fado o fulminou, bateu-lhe o raio

À Sombra tua… ai dor! Lá mesmo, ó Loiro:

Chorai-o, Amores, Tágides, chorai-o.

SONETO XII.

De Autor anônimo; porém que é fácil conhecer pelo estilo.

Votos pelo restabelecimento da saúde de Bocage.

Não mais, Ninfas gentis do Tejo undoso,

Pungidas de alta dor, vagueis insanas:

C’roai-vos de floridas espadanas,

Ou de grinaldas de coral ramoso.

Já não rechinam do arco sanguinoso

D'atroz Doença as setas inumanas

Contra o Cisne que as ondas Tagitanas

Enfreia com o Carmen portentoso.

Serpes da Inveja, Serpes agoireiras,

Emudecei, que a válida Saúde

Assoma, entre Esperanças lisonjeiras.

Vem, bela Deusa, ao Vate Elmano acude,

Que eu grato forjarei nestas Ribeiras

Hinos, batidos na Tebana incude.

SONETO XIII.

Pelo Bacharel Domingos Maximiano Torres.

Se as árduas Leis da sã Filosofia

Sacra Egide não são contra a Desgraça,

Então em que desdiz a humana Raça

Das outras, que Razão não alumia?

Seus venenos destile a Tirania,

Raivoso o Fado em raios se desfaça:

Alma, que o lume da Razão repassa,

Sorve tranquila o néctar d'Alegria.

Quando a Ventura ao pensamento acode,

E não prova revezes o Desejo,

Embates d'Aflição qualquer sacode.

Aos males na constância ser sobejo

A poucos dado foi; Elmano o pode:

Dá, que um novo troféu glorie o Tejo.

SONETO XIV.

Moniz.

Ao Senhor Manoel Maria de Barbosa du Bocage, em resposta ao Soneto pag. 6, pelos mesmos consoantes.

Em teu Gênio s'inflama fogo intenso,

Brilhante emanação d'um Deus, d'um Ente,

Que as Estrelas, a Lua, o Sol ridente

N'um dia fez surgir do Caos denso:

Teu êxtase t'eleva a Espaço imenso,

Sentes impulsos, que o Mortal não sente;

Eis lúcido clarão te abrasa a mente,

E o Ser encaras, por quem vivo, e penso.

Pasmado, absorto no fulgor Divino,

Repassado de atónito desmaio,

Ant'o Sólio do Eterno t'imagino:

Acordas, e do Canto em novo ensaio

Dos Ateus aviltando o desatino,

Louvas um Deus, e tremes do seu raio.

SONETO XV.

 

Por J. A. Soares.

Ao senhor João Pedro Maneschi, por ocasião do incêndio em que perdeu todos os seus bens.

Nos puros Lares teus assoma, irado,

Vulcano em ondas de indomável chama;

Impetuoso cresce, horrível brama:

Parece aceso pela mão do Fado!

Em ferventes voragens desmandado,

Tudo afeia, enegrece, abrasa, inflama,

E em cinza inútil, súbito, derrama

Teus merecidos bens, Maneschi honrado.

Mas tu dessa fatal, visível Peste,

Dessa, do Inferno imagem devorante,

O dano, estrago, horror baldar pudeste.

Rico de uma Alma singular, constante,

Tens, tens tudo: Amizade, que te preste,

Dó, que te chore, e Musa, que te cante.

 

SONETO XVI.

 

A composição deste Soneto é anterior à minha moléstia, mas a Gratidão me ordena pô-lo aqui.

A uma Donzela de estremada Beleza, de rara Virtude, e morta na flor dos anos.

De Homens, e Numes suspirado Encanto,

Lilia, inocente como virgem Rosa,

Lilia, mais branda, Lilia, mais formosa

Que a Ninfa etérea, de punício manto:

Eu, e os Amores (que perderam tanto)

Damos-te ás cinzas oblação mimosa:

Curva goteje minha Dor saudosa

Na mole o’frenda, que requer meu pranto.

Em teu sagrado, perenal Retiro

Disponho, ao som de lânguidas querelas,

A rosa, o cravo, a tulipa, o suspiro.

Medrai no chão de Amor, florinhas belas…

Ah Lilia! Eu gozo o Céu!… Lilia! Eu respiro

Tua alma pura na fragrância delas!

SONETO XVII.

 

Pediu-mo Pessoa, que virtuosamente a amava; e a mágoa do assunto, apurada na tristeza da minha situação, deu um Soneto, que talvez penhore os corações ternos.

Na gravíssima enfermidade do Senhor Manoel Maria de Barbosa du Bocage.

 

Elmano! Elmano! Os que te ouviram rindo,

Penhas, e Montes, que teu Metro alçava,

Clamar faz hoje a Dor, que em pranto os lava,

E, mais que todos, o Permesso, e Pindo.

Bosques, Paisagens, que teu verso lindo

Em dobro enriqueceu, teu mal agrava:

Choram-te Graças, Ninfas, que ele honrava,

O níveo rosto com as mãos cobrindo.

Inda, Cisne do Tejo, inda teu Canto,

Bem que rouco, s'escuta; e em desconsolo

Já das Musas te chora o Coro santo.

Quando não ergas o melífluo colo,

Quem restará chorar-te? Um Deus em pranto

Se há de então ver, chorando o mesmo Apolo.

SONETO XVIII.

 

Por Tomás António dos Santos e Silva.

Em resposta ao antecedente: Elmano a Tomino.

Vapor doirando, que me afuma os Lares,

(Porque a Morte os bafeja de contino)

Solto de ti relâmpago divino,

[25]Milton de Lísia, alumiou meus ares.

O bem d'ouvir-te, o bem de me chorares

Quase que irmana desigual Destino:

«Tu de assombros Cantor, (Febo, ou Tomino)

«Eu Ave, eu órgão de pavor, de azares.»

Níveo matiz d'auríferas areias[26],

Cisne qual Jove outrora[27], e que no alado

Êxtase aos Céus a melodia alteias!

Voz, de que adoro o cântico sagrado,

Voz, que a dor minha, o Fado meu pranteias!

Dá-me teus sons, e cantarei meu Fado.[28]

SONETO XIX.

Apesar do que digo a pag. 10, sempre tive ocasião de honrar o meu insigne Compatriota.

Gênio mordaz, que o Mérito golpeia,

Nadando em ondas de sulfúrea chama,

Leva de rojo a Musa que do Gama

Cantou prodígios mil, de glória cheia.

Sem luz o Triste, e sôfrego da alheia,

Razões falaces imagina, e trama;

Porém, risonha, não desmaia a Fama

Q'entre os Luzeiros imortais vagueia:

Não eu assim, que, atónito, e curvado,

Teus sons adoro, majestoso Elmano,

Pelos Salões Febeus extasiado!

Vate, credor do Século Romano!

Digno Daquele, a cuja sombra, e lado

Cantava outrora o Cisne Mantuano!

SONETO XX.

Por D. Gastão Fausto da Cámara Coutinho.

Se na que, morna, e lúgubre, murmura,

Corrente Averna, como as sombras densa,

Der queda enorme a sôfrega Doença

Que à vida quer sorver-me a fonte impura:

De eleitos Vegetais sagaz mistura

Não foi rígido estorvo à Morte infensa:

Só pode aos olhos meus Virtude imensa

A do Horror ferrolhar Morada escura.

Arde, ó Estro! Fulmina o Monstro humano,

Que origem vil ao Mundo, a si presume,

E à Causa divinal repugna, insano.

Salve, Principio d'Alma, etéreo Lume!…

Se um Deus não fora, que seria Elmano!

Existe o Vate por que existe o Nume.

FIM.



[1] Francisco José da Paz.

[2] João Pedro Maneschi.

[3] Marcos Aurélio Rodrigues.

[4] António José Alvares.

[5] Joaquim Pereira de Almeida.

[6] Prior dos Anjos.

[7] José Ventura Montano.

[8] Nuno Alvares Pereira Moniz.

[9] Gregório Freire Carneiro.

[10] Gonçalo José Rodrigues Vianna.

[11] Diogo José Blancheville.

[12] O Padre Mestre Fr. José Marianno da Conceição Veloso.

[13] João Vicente Pimentel Maldonado.

[14] O Desembargador do Porto Vicente José Ferreira Cardoso. Devo também mencionar honrosamente o Doutor Manoel Joaquim de Oliveira, Medico em Lisboa; o meu amigo Policarpo, da Rua Nova da Rainha; o Diretor do Correio Geral; e José Maria de Oliveira, Filho do Administrador dos Seguros do mesmo Correio: todos para comigo instrumentos da Providência.

[15] O Bacharel Domingos Maximiano Torres.

[16] João Vicente Pimentel Maldonado.

[17] Miguel António de Barros.

[18] Nuno Alvares Pereira Moniz.

[19] José Agostinho de Macedo.

[20] Um dos que honram o Doiro é Bento Henriques Soares, amigo do chorado João Baptista Junior (Autor da nova Castro) amigo, como eu, daquele, cuja memoria deve saudosamente viver em quanto o Engenho, e a Moral forem dotes de preço. O glorioso ao Vouga é Francisco Joaquim Ringre, que pelo sabor da Antiguidade, que há nas suas Poesias, e pelo estro que as levanta, merece esta nota.

[21] Discípulo de Crates, e Fundador do Estoicismo, ou Seita dos Estoicos. Quando o Homem crê vizinhar com o seu Nada, (o Nada Universal) as sombras, em que o envolvem, o abafam as suas paixões, se rarefazem, e esvaecem aos lumes da Justiça, e do Desengano: ou já lhe brote sobrenaturalmente n'alma este fenómeno, ou já porque, evaporado o amor próprio, atente mais nos outros que em si. Eu, talvez nesse estado, ou não longe dele, confesso ingenuamente, que, pela suavidade, e apuro do metro (nas composições lavradas com mais desvelo, e mais gosto) pelas flores, pelos esmaltes Poéticos de que as ameniza, e formoseia, (em especial as Báquicas) Belmiro está mui sobranceiro aos Engenhos vulgares. A Razão me pede, que lhe honre o mérito; e o Coração, que lhe releve a, talvez, injustiça, com que trabalhou remover-me de um grau, havido da Voz pública.

[22] Se a locução, a fantasia, e o ritmo caracterizam a mente Poética, aponto D. Gastão Coutinho como dorade com estes tesoiros do Espírito. Não soa, como devera, (e altamente) o louvor de Tomás António dos Santos, e Silva nos meus talvez últimos versos, porque em outros, de monção mais Febeia, e já divulgados, lhe teci elogios, em que a fraterna amizade, que de muito nos liga, nada proferiu avesso à justiça, e ao tom circunspecto do Discernimento.

[23] Carmina Pastoris Siculi modulabor avena.

Virgil. Éclog. 10.

[24] Beneficência, e Piedade, celebradas no Epicédio ao Marquês d'Angeja.

[25] Pelo estro, e pela cegueira.

[26] As do Tejo.

[27] Quando se tornou Cisne por Leda.

[28] Porque então a glória compensa-me a fortuna.