Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

LITORAL

 

 

a amadeo de souza cardoso

 
POR

José de ALMADA-NEGREIROS

(EDIÇÃO DO AUTOR)

 

A SEGUIR:

K4

o quadrado

AZUL

por

José de ALMADA-NEGREIROS

colaboração extraordinária de

amadeo de souza cardoso

Linotype nº 7381 — R. Poço dos Negros 81

espasmos de praiamar transbordam invasão

a areia mergulha pró fundo do Mar p’los olhos do

                                         pirata

                             desvirgados á proa

Maresia cio do Mar

           que da vela Latina?

           Sinhora da Livramento

           Leilão de salvados

Guarda Fiscal a Costa

           Forte da Barra

o retrato do Piloto a sebo de Holanda e limão doce

sabots de Alfândega e cachimbo motor

           Taverna Marítima

           Kean marujo Inglês

Nível 12 cuidado co'os hélices

            BELFAST

a Grande Cheia atavismos do Dilúvio

o medo das rochas encolhidas ao luar onanista redemoinhos do perigo perpendicular o brilho do óleo Negro o dever do farol que nem parece tão grande por dentro as dunas as furnas as zorras de Noite afinal o farol por dentro é uma casa mas eu não queria ser o faroleiro! osgas de veludo velho amarelo pra dentro começos de bruxas a acabarem em saudades do arraial Castello dos mouros restos de sarracenos A lua a mijar na cisterna a sineta pró café licença pra ir a terra estreia das tamanquinhas alcachofras fogueiras a idade de casar fogo-de-vista e frio longe da febre a Kermesse só é bonita quando eu estou doente Santo-António de Lisboa 10 cigarros 60 réis e vinho habilitado o sol-e-dó não tocou mais depois da desordem iate de Sines Posta restante hotel Silva por cima da farmácia acordar ás 8 o sr. capitão Stella matutina Jornais da manhã O DIA a areia descalça espoja-se na sesta a despir os olhos de cio o Sol é macho e relincha Carthago no verão época balnear Linha do Norte Rocio-Campanhã estrada rial e tango descrição musical dos moinhos de vento Estação Telegrafo-Postal bem pescaria alegre 66 banhos número par Laura chalet com vista pró Mar aluga-se

Terras-Sienas de olaria lisa no Forno da Telha o oleiro fez um Taxo cada vez maior senão fosse a praga da carvoeira não tinha ela ancas de bilha Jarrão de barro vidrado Recordação das termas Água salobra sabão de lavar a burricada toilette de passeio o trevo de quatro folhas morangos p’ra sobremesa Collares Viúva Gomes Linha Cintra-Oceano Seteais Rembrandt Água-forte saia-balão cetim-Penumbra foot-ball domingo meios preços incarnado e branco guerra da independência terrestre não é permitida a entrada pró pic-nic taxo chita de domingo III classe a dormitar lamparina frio grilos pirilampos vai chover a Maria perdeu o broche se o túnel caisse! agoiro borboleta preta é mau sinal a cigana de latão tem uma saia de amarelo esborrachado o homem dos cães a tocar tambor substantivo o navio ao longe cheira a estearina no caixote o mirante o óculo bric-à-brac Mãe! mata o chalet Antes quero ser o faroleiro cara de ocarina de barro pintado partiu-se a unha da guitarra 20 litros de petróleo por Noite Vento Norte a peça de alarme O filho do dr. estuda para almirante Entrudo fotografia Salles Escola de marinheiros Marégrafo natação Club Naval A MARGEM Grandes regatas de vela Náutica Taça Tejo Grande Premio de Lisboa Prova final

CINZENTANIA resenha obliqua de invernia clave sinfonia agreste dos cilindros foscos penugem neve dos repuxos falsos na passagem do regimento com ferrugem de tambores dedal de prata por detrás dos vidros baços à espera do boneco de estampar que foi pena sair mal o correio não trouxe nada Acre ozone de arrebol cinzento mata-borrão azia Santa-Barbara Azul de Inverno faz frio no peito lá em cima no tombadilho a chover e a fazer Sol estão-se as bruxas a pentear História trágico-marítima o crime da varina Azinhaga sociedade filarmônica Vasco da Gama Vendedeiras de laranjas filipina! sotaque fenício das varinas tricanas Arrufadas Coimbra B fado tinto e sentimental Astrakan maltês de misticismo bárbaro perfil britado em ceitil-museu rial d'água içado do Aqueduto Velho pró banco da Mina co'a rodilha ao lado esteve aqui a Rosa Maria no dia 7 de Maio de 1916 com o poeta futurista José de ALMADA-NEGREIROS

OBRA LITERÁRIA DE José de ALMADA-NEGREIROS

O MOINHO, a Eduardo Afonso Viana

23 2º ANDAR, ao Senhor Gualdino Gomes

O MENDES, a Christiano Cruz

A ENGOMADEIRA, a José Paxêko

A CENA DO ÓDIO, de José de ALMADA-NEGREIROS, poeta sensacionista e Narciso do Egypto, a Álvaro de Campos

LENDA De Inês, A LINDA QUE NÃO SOUBE QUE FOI RAINHA, a Mlle. M. G. C. M. (S. T.)

OS SALTIMBANCOS, contrastes simultâneos, a Santa Rita Pintor

MIMA FATÁXA, SINFONIA COSMOPOLITA E APOLOGIA DO TRIANGULO FEMININO, a ti para que não julgues que a dedico a outra

10 POEMAS PORTUGUESES por Mme. Sônia Delaunay-Terk e José de ALMADA-NEGREIROS

BALLET VERONESE ET BLEU, a Mme. Sônia Delaunay-Terk

K4 O QUADRADO AZUL, a Amadeo de Sousa Cardoso substantivo ímpar 1, o detentor da Apologia Masculina, o que me possui em tatuagem azul na sensibilidade, o Amante preferido da Luxuria e do Vício. (Vide gênio Pintor).

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Nota do autor: Todos estes livros devem ser lidos pelo menos duas vezes p’ros muito inteligentes e daqui pra baixo é sempre a dobrar.