Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

LITERATURA BRASILEIRA
Textos literários em meio eletrônico
Terceira parte, Sermões do Padre António Vieira


Edição de Referência:
Sermões, Padre Antônio Vieira, Erechim: Edelbra, 1998.

CENSURA DO M. R. P. M. O DOUTOR FR. MANOEL DA GRAÇA, da Ordem de Nossa Senhora do Monte do Carmo,

Qualificador do Santo Ofício.

Revi esta Terceira Parte dos Sermões do M. R. P. M. Antônio Vieira, com aquela atenção que se deve ao ofício de qualificador, e merecem os escritos de um tão insigne sujeito. Neles não achei coisa que ofendesse a nossa Santa Fé, ou repugnasse aos bons costumes, antes é obra esta tão singular que só a pudera igualar outra do mesmo autor, e com muito maior razão lhe quadra este encômio: Sola tua tuis aequar opera possum. É digna da maior aceitação porque nela têm todos documentos muito proveitosos, assim para a reforma dos costumes, como para a direção do governo político. Nem as sutilezas com que às vezes prova os pensamentos, ou as analogias e alegorias de que usa nos discursos podem causar o mínimo escrúpulo, se douta e atentamente se ponderarem, porque com tanta erudição e clareza explica os pontos mais difíceis e os conceitos mais subidos, que bem mostra ser o sol dos pregadores do nosso tempo, pois, se os raios do sol têm a excelência de serem os mais sutis, e também os mais claros, nesta obra se acha o sutil tão germanado com o claro, que não merece nota alguma, antes deve ter o mesmo aplauso que as mais deste maior pregador tiveram sempre de todos. Carmo de Lisboa, 15 de fevereiro de 1

Fr. Manoel da Graça

CENSURA DO M. R. P. M. FR. MANOEL DE SANTIAGO, da Seráfica Ordem de São Francisco,

Qualificador do Santo Ofício.

ILUSTRÍSSIMO SENHOR.

Vi este livro de Sermões do R. P M. Antônio Vieira, da Sagrada Companhia de Jesus, pregador de S. A., obra que, tendo por título Terceira Parte, é tão prima que parece ser primeira e que não pode ter segunda. Contém catorze sermões, nos quais se germana o terso com o claro, elegante com as mais naturais palavras e apropriadas à matéria de que faz o sermão. Todos os seus pedem mais aplausos que censuras, porque a fama diz bem com a realidade, e a realidade com a fama, não havendo dúvida em que com a maior erudição, engenho, admiração e espírito, disputa, comenta, interpreta, compreende, prega e ensina as teologias mais profundas no idioma mais claro, as Escrituras mais místicas e misteriosas no sentido mais literal, as retóricas mais animadas na locução mais seleta, fazendo com que as suas vozes fossem conceitos, e os seus conceitos vozes, reduzindo juntamente os entendimentos e atraindo as vontades, que é o que os sábios de Atenas julgavam por primazia da eloqüência. Os discursos deste pregador, em tudo régio, tiveram a aceitação dos estranhos, e não tiveram a variedade dos pareceres entre os naturais, que é o maior elogio que se lhes pode dar. E os deste livro, por não terem coisa alguma que prejudique a nossa Santa Fé ou bons costumes, merecem a licença que a V. Ilustríssima pede quem os quer imprimir. São Francisco da cidade de Lisboa, em 23 de fevereiro de 1

Fr. Manoel de Santiago

CENSURA DO ILUSTRÍSSIMO E REVERENDÍSSIMO Senhor Arcebispo da Bahia.

SENHOR.

Manda-me V. A. que veja o livro intitulado Terceira Parte dos Sermões do P. Antônio Vieira, tão digno pregador de V. A., que no trono da sabedoria se deve colocar como alteza dos pregadores. Eu, obedecendo ao mandado de V. A., vi o livro com o respeito devido à fé, e li os sermões com atenção igual ao gosto, e o primeiro conceito que formei foi que, ainda que o livro não trouxera a inscrição do título, os sermões o deram a conhecer por obra do seu autor, porque todas as deste singular engenho, de tal sorte se parecem só consigo, que não deixam dúvidas de que se lhe possam parecer outras algumas. E assim só o juízo que lhe deu o ser é o que cabalmente lhe pode fazer juízo do valor, e muito menos o meu, que só não tem de grosseiro o respeitar sempre nelas matéria para o espanto, e não escrúpulo para a censura. Porém este respeito tão devido ao merecimento lhe tributou também a fortuna, porque nos Sermões do P. Antônio Vieira tiveram todos sempre que admirar, e não teve alguém nunca que dizer, sendo o único pregador em quem se venceram as lificuldades de se admirarem os sábios, que presumem, e não desdenharem os nésios, que ignoram. A doutrina é sã, sólida e irrefragável, e ainda a política tão espi-itualizada, que igualmente encaminha aos acertos do governo e ao fim da salvação. As Escrituras, conforme aos sentidos que nelas admitem santos, expositores e padres, tão própria e fielmente desentranhadas do rigor da letra, da semelhança da ilegoria, do doutrinável da moralidade, que no literal não discrepa em uma sílaba, no alegórico equivoca a propriedade, e no moral convence a reformação. E o que vais é, que fazendo todos os pregadores os seus sermões por as Escrituras, este pregador parece que fez as Escrituras para os seus sermões. Os pontos teológicos ais imperceptíveis tão claramente explicados, que uniu a sutileza com que se disputam nas cadeiras à claridade com que se devem praticarem os púlpitos. E para os ouvintes as perceberem, basta que entrem ouvintes para saírem teólogos. Os conceitos tão finos como o entendimento de quem os adelgaçou, e tão naturais aos assuntos que, para os levantar, parece que não estudou a arte, e para os acomodar, se não cansou o estudo. O estilo tão sério, grave e cortesão, como de quem nasceu para pregador da corte. As palavras tão expressivas dos conceitos, que na propriedade da nossa linguagem se não podem descobrir outras tão próprias, em tanto que, quando nos seus sermões se acha alguma desusada, para ser aceita como lei, basta o ser conhecida por sua, e em todas de tal energia para a persuasão, e de tal suavidade para o agrado, que nem para persuadir se compõe de razões mais eficazes, nem para agradar se ornam de eloqüência mais fecunda. Tudo, enfim, como seu, que só nisto se diz tudo. Com o que a minha aprovação só poderá chegar a ser demonstração do afeto, pois não pode passar a ser crédito da pessoa, porque no aplauso geral, com que o celebra a fama em todas as partes a que têm chegado as suas notícias, logra as maiores venerações, tão seguras da verdade, que para ele são artigos da fé, os encarecimentos, que para os mais são adulações da lisonja. Não só não contêm coisa que encontra ao real serviço de V. A., mas antes não sei vassalo que fizesse maior serviço nesta matéria ao seu Príncipe que enobrecer com os seus escritos a uma Nação de que V. A. é Príncipe e Senhor. E assim entendo que na licença que se pede a V. A. para se imprimirem estes sermões, lhe deve V. A conceder de justiça o que se lhe pede por favor, não só para que por benefício do prelo, já que se não podem esculpir com letras de ouro, na dureza dos diamantes e na firmeza dos bronzes, fiquem imortais à memória dos vindouros, mas também para que os presentes, que tiveram a dita de os ouvir, logrem o que então desejaram, e os que vivem com a mágoa de os não ler, tenham tudo o que podiam desejar. Isto é o que me parece, e V. A. mandará o que melhor lhe parecer. São Francisco de Lisboa, 9 de março de 1

Fr. João da Madre de Deus

LICENÇAS DA RELIGIÃO

Antônio de Oliveira, da Companhia de Jesus, provincial da Província do Brasil, por particular comissão que tenho de nosso M. R. P. João Paulo Oliva, prepósito geral, dou licença para que se imprima este livro, intitulado Terceira Parte dos Sermões de P. Antônio Vieira, da mesma Companhia, da Província do Brasil, pregador de S. Majestade, revisto e aprovado por religiosos doutos da mesma Companhia. E por verdade dei esta por mim assinada e selada com o selo de meu ofício. Bahia, 2O de julho de 1

Antônio de Oliveira

DO SANTO OFÍCIO

Vistas as informações, pode-se imprimir a Terceira Parte dos Sermões do P Antônio Vieira. E depois de impressa, tornará para se conferir e dar licença que corra, e sem ela não correrá. Lisboa, 23 de fevereiro de 1

Manoel Pimentel de Sousa Jerônimo Soares

João da Costa Pimenta Bento de Beja de Noronha Manoel de Moura Manoel Fr. Valério de S. Raimundo O Bispo, Fr. Manoel Pereira

DO ORDINÁRIO

Pode-se imprimir este livro de Sermões. E depois tomará para se conferir e se dar licença para correr. E sem ela não correrá. Lisboa, 25 de fevereiro de 1

 Serrão

DO PAÇO

Que se possa imprimir, vistas as licenças do Santo Ofício e Ordinário. E depois de impresso tornará à mesa, para se taxar e conferir, e sem isso não correrá. Lisboa, 1O de março de 1

Roxas

Rego

Noronha

Está conforme com o seu original. Convento do Carmo, 1O de dezembro de 1

Fr Manoel da Graça

Visto estar conforme com seu original, pode correr este livro. Lisboa, 14 de dezembro de 1

Manoel Pimentel de Sousa

João da Costa Pimenta

Pode correr este livro. Lisboa 16 de dezembro de 1683 Serrão

Taxam este livro em doze tostões. Lisboa, 15 de dezembro de 1

 Lamprea

Noronha

LISBOA

NA OFICINA DE MIGUEL DESLANDES

À custa de Antônio Leite Pereira, Mercador de Livros MDC LXXXIII

Com todas as licenças necessárias e privilégio real.

Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística