Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

Censura do M. R. P. M. Frei Tomé da Conceição, da Sagrada Ordem do Carmo, Qualificador do Santo Ofício.
 
 

EMINENTÍSSIMO SENHOR,

Li este livro que se intitula Maria Rosa Mística, Excelências, Poderes e Maravilhas do seu Rosário, compendiadas em trinta sermões pelo Padre Antônio Vieira, da Sagrada Religião, da Companhia de Jesus, e pregador de Sua Majestade. Já o autor desta obra saiu à luz com a Primeira Parte, que contém quinze sermões, e nesta Segunda, que se intenta dar também à estampa, vêm outras quinze. Li-as, não uma só vez, mas duas: a primeira por obediência, a segunda por gosto, ambas com admiração. Se não temera fazer injúria à igualdade da sutileza com que este insigne pregador discursou estes sermões, pudera dizer que nesta Segunda Parte se excede a si mesmo na Primeira; mas a mina, que gera este ouro, é tão igualmente fecunda nas veias por onde o comunica, que mal se pode descobrir maioria nos seus quilates; senda as idéias destes sermões tão novamente fabricadas, todas acho fundadas no sentido literal ou místico dos Evangelhos, de onde este grande pregador as desentranhou com sua agudeza, sem em coisa alguma das que diz se desviar da obrigação de orador evangélico. Com estes sermões tem satisfeito o seu voto, e terá sem dúvida mais devotos o Rosário da Senhora. Isto é o que me parece. Lisboa, no Convento do Carmo, em 10 de dezembro de 1686.

Fr. Tomé da Conceição
 

Censura do M. R. P. M. Frei Antônio de Santo Tomás, da Sagrada Ordem de S. Francisco, Qualificador do Santo Ofício.

EMINENTÍSSIMO SENHOR,

Vi o livro que tem por título Maria Rosa Mística, Excelências, Poderes e Maravilhas do seu Rosário, composto pelo Padre Mestre Antônio Vieira, religioso da Sagrada Companhia de Jesus e pregador de Sua Majestade. Consta este livro - que é a Segunda Parte - de quinze sermões, que bem parecem frutos do singular engenho de tão insigne pregador, no agudo, facundo e elegante, de locução tão extremada e seleta, agora frutos mais bem sazonados com o tempo, no espiritual, dócil e útil de tão exemplar e milagrosa doutrina, doutrina para todos proveitosa, porque a dá o autor em método tão claro, ainda no que trata mais profundo, como teólogo especulativo, místico e expositivo, que o douto se achará convencido e o indouto ficará ensinado, e todos suave e eficazmente arrebatados no seguimento mais fervoroso da devoção dos Mistérios da Rosa Mística, ficando por este respeito o voto, de que faz menção o autor, satisfeito com vantagem, pois, a Maria Santíssima, Senhora nossa, não só oferece gratamente flores em as maravilhas de sermões, para mais florido adorno do seu Rosário, mas também em flores lhe tributa vantajosamente frutos nas perpétuas devoções, que docemente rende, para mais grato obséquio de tão divina flora. Com o que, se os Sermões são para quem com tão rara eloqüência os asseou flores de muita honra, são juntamente frutos no admirável da doutrina, e tudo para maior glória do misterioso Rosário da Mãe de Deus. Ao que se pode aludir o que se diz no Eclesiástico, capítulo vinte e quatro: Flores mei fructus honoris, etc. E sendo, enfim, sermões tão floridos e frutuosos, tudo neles ajustado recende à pureza de nossa Santa Fé, tudo neles frutifica conforme a limpeza de bons costumes: e assim, me parece, será benefício comum conceder a licença que se pede, para dar os tais sermões à imprensa. Lisboa, Convento de São Francisco da Cidade, em 24 de fevereiro de 1687.

Fr. Antônio de Santo Tomás
 

Censura do M. R. P. Doutor Bartolomeu de Quental, prepósito da Congregação do Oratório.

SENHOR,

Vossa Majestade me mandou que visse a Segunda Parte dos Sermões do Rosário, que compôs o Padre Antônio Vieira, da Sagrada Companhia de Jesus, pregador de Sua Majestade, como já me mandou ver a Primeira. E se eu estivera em idade de aprender, persuadira-me a que a Providência Divina, que particularmente assiste aos príncipes, me repetia as lições, para eu nelas aprender a pregar. Continha a Primeira Parte quinze sermões, e esta Segunda contém outros quinze. Estes são como aqueles, e todos como de seu autor. Trinta sermões e tais sermões sobre o mesmo assunto, é o melhor assunto para os louvores deste grande pregador. Trinta sermões para quinze Mistérios do Rosário, são dois sermões por cada Mistério, porque estes Mistérios, para serem bem rezados, hão de ser repetidos: repetidos cada dia, e sempre que se rezarem, há de repetir exteriormente a voz o que interiormente meditar o juízo e abraçar o afeto. - Em tudo são misteriosos estes sermões! - Bem parece que esta luz se acendeu na tocha e na estrela do primeiro pregador do Rosário, o glorioso patriarca São Domingos, de cujos exemplos e doutrina se vale tanto nestes sermões. São Domingos, para pregar do Rosário, acendeu a sua tocha naquela luz grande, ainda a respeito daquela a que só reconheceu maioria: Duo luminaria magna: luminare maius, luminare minus (Gên. 1,16). E a sua estrela bebeu a luz daquela lua sempre tão cheia, que em nenhum instante padeceu minguante, e tão luzida, que em nenhum padeceu sombra. E este insigne pregador para pregar do Rosário também participou a luz desta formosa lua por aquela estrela e por aquela tocha. A cada um dos Santos Patriarcas pôs Deus, Senhor nosso, por tocha para alumiar particularmente os da sua casa e família: Ut luceat omnibus, qui in domo sunt; mas a tocha de São Domingos, para os louvores do Rosário, alumiou os da sua casa e família, e também os das outras, como no nosso caso a um filho de Santo Inácio. A tocha de São Domingos alumiou um filho de Santa Inácio para fazer trinta sermões em louvor do Rosário; e um filho de Santo Inácio com trinta sermões acrescentou os louvores do Rosário, que São Domingos pregou e deixou encomendado a seus filhos. Os Santos Patriarcas assim como no céu se comunicam nas glórias, de sorte que a glória de uns o é acidental das outras, assim querem que as suas famílias na terra se comuniquem nas glórias, como comunicam nos privilégios. A comunicação dos privilégios lhes concedem os Sumos Pontífices na terra; a comunicação das glórias lhes encomendam os seus Santos Patriarcas do céu. Parecerá, Senhor, que não tenho satisfeito ao que Vossa Majestade me mandou, que visse estes Sermões e informasse com o meu parecer. E eu cuido que tudo tenho dito, que os vi. E me parece, que esta Segunda Parte é tão digna de imprimir como a Primeira, pois não contém coisa alguma contra o Reino, antes muito para a sua reforma por meio da devoção do Santo Rosário, que persuade com tanta eficácia. Vossa Majestade mandará o que for servido. Lisboa, Congregação do Oratório, 5 de maio de 1687.

Bartolomeu do Quental
 

LICENÇAS DA RELIGIÃO

Eu, Alexandre de Gusmão, da Companhia de Jesus, provincial da Província do Brasil, por comissão especial que tenho de N. M. R. P. Carolo de Noyele, Prepósito Geral, dou licença, que se possa imprimir este livro da Segunda Parte de Sermões de Nossa Senhora do Rosário, do Padre Antônio Vieira, da mesma Companhia, pregador de Sua Majestade. O qual foi revisto, examinado e aprovado por religiosos doutos dela, por nós deputados para isso. E em testemunho da verdade, dei esta subscrita como meu sinal e selada com o selo de meu ofício. Dada na Bahia, aos 13 de julho de 1686.

Alexandre de Gusmão
 

DO SANTO OFÍCIO

Vistas as informações, pode-se imprimir a Segunda Parte dos Sermões do Rosário compostos pelo Padre Antônio Vieira, da Companhia de Jesus; e depois de impresso tornará para se conferir e dar licença que corra; e sem ela não correrá. Lisboa, 25 de fevereiro de 1687.
Jerônimo Soares

O Bispo Fr. Manoel Pereira
Pedra de Ataíde de Castro
Fr. Vicente de Santo Tomás


DO ORDINÁRIO

Pode-se imprimir a Segunda Parte dos Sermões do Rosário, composta pelo Reverendo Padre Antônio Vieira, da Companhia de Jesus, e depois tornarão, para se conferirem e dar licença para correrem, e sem ela não correrão. Lisboa, 3 de março de 1687.

Serrão
DO PAÇO

Que se possa imprimir, vistas as licenças do Santo Ofício e Ordinário: e depois de impresso, tornará a esta Mesa para se taxar, e sem isso não correrá. Lisboa, 6 de maio de 1687.

Roxas
Lamprea
Marchão
Azevedo
Ribeiro

Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística
 

Apoio
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LITERATURA BRASILEIRA
Textos literários em meio eletrônico
Maria  Rosa Mística Parte II, de Padre António Vieira.


Edição de Referência:
Editoração eletrônica:
Verônica Ribas Cúrcio