Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

LITERATURA BRASILEIRA

Textos literários em meio eletrônico

Sermão da Ressurreição de Cristo, do Padre Antônio Vieira.


Edição de Referência:

Sermões.Vol. X Erechim: EDELBRA, 1998.

SERMÃO DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO,

Na Matriz da Cidade de Belém do Pará, ano de 1658.

Nolite expavescere: Jesum quaeritis Nazarenum, crucifixum: surrexit, non est hic[1].

§ I

Os efeitos semelhantes das obras de Cristo e a hora da ressurreição. As semelhanças do sol natural com a ressurreição do Senhor.

Que parecidas são as obras de Cristo, ainda as que menos se parecem! As tristes e as alegres, as dolorosas e as gloriosas, as de sua morte e as de sua ressurreição, todas causam os mesmos efeitos. Pasmadas deixamos as Marias olhando para o sepulcro de Cristo quando se fechou, e, pasmadas por deixarem ali morto, a seu Senhor: Erant autem ibi Maria Magdalena, et altera Maria, sedentes contra sepulchrum[2]. — Pasmadas acho hoje outra vez as mesmas Marfas no mesmo sepulcro, e pasmadas de o acharem ressuscitado: Nolite expavescere: Jesum quaeritis: surrexit[3]. — De maneira que Cristo morto faz pasmar com a sua morte, e Cristo ressuscitado faz pasmar com a sua ressurreição, sendo a ressurreição e a morte duas coisas tão encontradas. Entraram as Marias no sepulcro, viram um anjo vestido de neve e luz, que lhes deu novas do Senhor, a quem buscavam morto, e ficaram tão assombradas e pasmadas do que ouviam e do que viam, que por muito tempo não tomaram em si de assombro e de temor, por mais que o anjo as animava a que não temessem: Nolite expavescere. — A hora em que isto sucedeu também tem contradições no Evangelho. Diz o evangelista que quando as Marias vieram ao sepulcro, era muito de madrugada, mas já depois do sol nascido: balde mane, orlo jam sole[4]. — Se era muito de madrugada, como era já nascido o sol? E se era já nascido o sol, como era muito de madrugada? Tudo era. Era muito de madrugada, porque ainda não era nascido este sol natural, que nos alumia: balde mane; — e era já o sol nascido, porque já o verdadeiro sol, Cristo, era ressuscitado: Orto jam sole.

Nas obras da natureza e nas obras da graça tem grandes semelhanças a ressurreição de Cristo, mal nenhuma tão semelhante como a do sol. Põe-se o sol no seu ocaso, deixa o nosso hemisfério escuro, enquanto desce, e vai alumiar os antípodas; torna outra vez a nascer claro, resplandecente e coroado de raios, enxugando as lágrimas da aurora, restituindo a cor e a formosura aos campos, despertando as músicas das aves, dourando os céus e alegrando a terra. Tal o divino sol, Cristo, no dia de sua ressurreição. Anoitecera no Ocidente do seu sepulcro amortalhado em nuvens, deixando todo o mundo às escuras na tristeza de sua paixão; desceu a visitar e alumiar os lugares do Limbo, onde os santos padres, como desconsolados antípodas, havia tantos anos estavam esperando a chegada daquele dia; e voltou outra vez à hora determinada, fazendo Oriente do seu mesmo Ocaso, amanhecendo claro e formosíssimo, vestido e coroado de resplendores de glória, Enxugou primeiramente as lágrimas daquela aurora divina, a Virgem Santíssima; restituiu a cor e a formosura à sua Igreja, mudando os lutos, de que estava coberta pela sua morte, em cores e galas de festa; trocou as lamentações em músicas alegres, e os seus sentidos em aleluias; dourou os céus, como mostraram os anjos que hoje apareceram vestidos de branco e ouro; e, finalmente, alegrou a terra, dando a todos os homens mui alegres páscoas, as quais o mesmo Senhor dê a Vossa Senhoria, e a todo este nobre e mui devoto auditório, com tantos dos verdadeiros bens, como o mesmo autor deles deseja. Para que nós vejamos os verdadeiros meios, por onde havemos de conseguir e segurar estes bens, e tiremos desta grande solenidade o proveito de nossas almas que ela nos oferece, peçamos àquela Senhora, a quem tocou a melhor e a maior parte das glórias deste dia, nos assista nestas memórias dele com o favor de sua graça.

Ave Maria.

§ II

Por que não temem as Marfas diante do sepulcro de Cristo morto, e temem e tremem diante do sepulcro de Cristo ressuscitado? O temor da morte e o temor da ressurreição.

Nolite expavescere: JESUM quaeritis Nazarenum, crucifixum: surrexit, non est hic (Mc. 16, 6).

Não temais, disse o anjo às Marias: Nolite expavescere — mas elas nem por isso deixaram de temer. Antes, diz o evangelista que fugiram do sepulcro, não só temendo, mas tremendo: At illae exeuntes, fugerunt de monumento: invaserat enim illas pavor et tremor[5]. — Foi tal o seu temor e assombro que, dizendo-lhes o anjo que levassem a nova aos discípulos, nem a falar se atreveram, de puro medo: Et nemini quidquam dixerunt: timebant enim[6], — Notáveis efeitos por certo em tal lugar! Notáveis efeitos com tal nova! E notáveis afetos em tal dia! Em dia da ressurreição temor? Em dia da ressurreição pavor e assombro? Alegrias, festas, prazeres, são os efeitos e afetos próprios deste dia; mas temor e tremor? Notáveis efeitos, tomo a dizer, em tal dia! E se repararmos em quem eram as que temeram, ainda nos admiramos mais. Eram as Marias umas mulheres tão pouco mulheres, eram umas mulheres tão varonis, umas mulheres tão homens, que de noite saíram de suas casas, de noite passaram pelas portas da cidade, de noite andaram por lugares desertos e despovoados, e tão medonhos como costumam ser os cemitérios dos defuntos, e os lugares onde padecem os justiçados. O Monte Calvário chamava-se Calvário por estar semeado das caveiras e dos ossos dos que aí iam a justiçar. Pois, mulheres tão destemidas e tão animosas que vão a estes lugares de noite, quando acham a Cristo ressuscitado do sepulcro, e quando lhes diz um anjo que ressuscitou, temem e tremem? Sim, porque não há coisa mais temerosa e mais tremenda nesta vida, não há coisa mais para fazer temer e tremer os corações mais valentes e animosos, que a certeza da ressurreição. É certo, e de fé, que Cristo ressuscitou; é certo, e de fé, que eu também hei de ressuscitar. Oh! que temerosa consideração! Estas mesmas Marias, quando estavam defronte do sepulcro de Cristo morto, pasmaram, mas não tremeram; agora, no mesmo sepulcro, com Cristo ressuscitado, pasmam e tremem, porque muito mais é para temer um ressuscitado que um morto; muito mais para assombrar é a consideração da ressurreição que a consideração da morte. Um sepulcro de Cristo comum hic jacet: aqui jaz -muito para temer é; mas um sepulcro de Cristo com um non est hic: não está aqui -porque ressuscitou: surrexit— muito mais é para temer.

Ao menos eu em mim experimento que muito mais temo o ressuscitar que o morrer, muito mais medo me causa a ressurreição que a morte; antes, se temo a morte, é só por medo da ressurreição. E por quê? A razão é clara. A morte é o fim da vida que acaba; a ressurreição é o princípio da vida que não há de acabar: com a morte acaba-se a vida, com a ressurreição, começa a eternidade; e muito mais para temer é o princípio da eternidade que o fim da vida. Com o fim da vida acabam os males temporais, com o princípio da eternidade podem começar os males eternos: os males da vida têm o remédio da morte, que os acaba; os males da eternidade são males sem remédio, porque ninguém lhes pode dar fim. A mesma terra insensível nos ensinou esta razão na morte e ressurreição de Cristo. Na morte: Terra mota est[7]; na ressurreição: Terraemotus factus est magnus. — E por que moveu mais a terra a ressurreição que a morte? Porque a morte deve fazer muito abalo nos nossos corações de terra: Terra mota est — mas a ressurreição muito maior Terraemotus factus est magnus[8]. — E assim se viu por experiência. A morte de Cristo, sendo acompanhada de tantos prodígios, não fez mais que: Omnis turba eorum, qui simul aderant, percutientes pectora sua revertebantur[9]. — Não fiz mais que tornar para Jerusalém batendo nos peitos os que o guardavam na cruz: Porém, na ressurreição: Exterriti sunt custodes (Mt. 28, 4): temeram e tremeram assombrados os que o guardavam no sepulcro. As Marias: Invasit eas tremor et pavor[10]. — Os apóstolos no Cenáculo tremendo: Mulieres ex nostris terruerunt nos[11]. — Enfim, tudo medo, e tudo temor.

§ III

Que havemos de fazer no dia da ressurreição de Cristo? Por que não disseram os anjos aos soldados, como às Marias: Não temais? A alegria da Madalena quando viu ressuscitado a seu irmão Lázaro, e a alegria da Virgem na ressurreição de seu Filho. Os quatro dotes dos corpos ressuscitados. Por que padecia Jó com tanta alegria tantos trabalhos e desgostos?

Pois, que havemos de fazer no dia da ressurreição de Cristo? Entristecer-nos? Tremer? Temer? Encerrar-nos? Sepultar-nos? Meter-nos vivos na sepultura donde Cristo saiu? A esta pergunta não se pode responder do púlpito, do confessionário sim. Se estais em estado de pecado mortal, temei e tremei, e cause-vos grande tristeza a ressurreição; mas se estais em graça de Deus, e tendes propósitos firmes de a conservar, alegrai-vos, ponde a vossa alma e o vosso coração muito de festa, e não temais. Assim o disse o anjo às Marias: Nolite expavescere. — Notai. Quando o anjo desceu do céu, e revolveu a pedra da sepultura, ficaram assombrados todos os guardas do sepulcro, e o anjo não lhes disse: Nolite expavescere; e às Marias sim. E por que diz às Marias que não temam, e por que não diz o mesmo aos soldados? Porque as Marias iam buscar a Cristo ao sepulcro para o servir; os soldados iam guardar o sepulcro para o perseguir e para o afrontar, E aqueles que perseguem e que ofendem a Cristo, esses é bem que temam na ressurreição; porém aqueles que o amam, e que o servem, esses não têm que temer: Nolite expavescere. — Tema Pilatos, que o condenou; tema Herodes, que o afrontou; tema Judas, que o vendeu; tema Caifás, que o blasfemou; e temam todos os que o perseguiram e o crucificaram, quando sabem que ele ressuscitou, e que eles também hão de ressuscitar. Porém, a Madalena, e as outras Marias: a Madalena, e as outras Marias, que o buscam e que o servem, que se não podem apartar dele, essas não têm que temer: Nolite expavescere. — Não é esta razão menos que do anjo: Nolite expavescere: Jesum quaeritis Nazarenum: Se vós buscais a Jesus Nazareno, não temais. — A energia destas palavras ainda está mais clara em S. Mateus, que neste passo é comentador de S. Marcos: Nolite timere vos: scio enim, quod Jesum, qui crucifixos est, quaeritis[12]: Não temais vós — notai muito a palavra vós — vós que buscais a Jesus, não temais; — porém, aqueles que o não buscam, aqueles que o não amam, aqueles que o ofendem, esses temam e tremam em sua ressurreição. A ressurreição para eles será morte e tormento eterno, assim como para vós será eterna vida e eterna glória. Os maus, porque hão de ressuscitar mal têm razão de temer; mas os bons, que hão de ressuscitar bem, não têm para temer razão alguma.

E que grande alegria, e que grande consolação é para um verdadeiro cristão na festa da ressurreição de Cristo considerar que também ele há de algum dia ressuscitar! Que grande seria a alegria da Madalena, quando visse a seu irmão Lázaro ressuscitado! A nossa alma é a nossa Madalena, o nosso corpo é o nosso Lázaro. Que alegria será a de uma alma considerar agora, e ver depois, este seu corpo, este seu companheiro ressuscitado! Ainda esta comparação não explica. Que alegria seria a da Virgem Senhora, quando hoje visse ressuscitado, em tanta formosura e glória, a seu benditíssimo Filho! Esta comparação é a própria. A Madalena viu seu irmão ressuscitado, mas ressuscitado para tornar a morrer. A Senhora viu ressuscitado a seu filho, mas para não morrer jamais: Mors illi ultra non dominabitur[13]. -A Madalena viu a seu irmão ressuscitado, mal em corpo passível, como o que dantes tinha. A Senhora viu ressuscitado a seu Filho em corpo imortal e impassível, e ornado com todos os quatro dotes gloriosos. E tais hão de ser estes nossos costais de terra depois do dia da ressurreição. Cuidais que estes nossos corpos depois de ressuscitados hão de ser como agora, ainda os de maior gentileza? De nenhum modo. A fênix morre fênix e ressuscita fênix; o homem entra no banho do batismo homem, e sai homem; o grão de trigo semeia-se trigo, e nasce trigo. Na ressurreição não é assim: Seminatur corpos animale, surgit corpus spiritale (1 Cor. 15, 44): O que se semeia na terra da sepultura é um corpo com condições de corpo, e o que nasce na ressurreição é outro corpo, ou o mesmo corpo, com condições de espírito-que são os quatro dotes do corpo ressuscitado. Havemos de ficar tão diferentes depois de ressuscitados, que é necessário fé para crermos que seremos então os mesmos. Com esta fé dizia Jó: Scio quod in novissimo die de terra surrecturus sum; et rursum circumdabor pelle mea, et in carne mea videbo Deum, quem visurus sum ego ipse, et non alius[14].

Estes quatro dotes são os mesmos com que Cristo hoje ressuscitou: dote de sutileza, de agilidade, de impassibilidade, de claridade. Um corpo com o dote de sutileza, se quer passar desta igreja para este pátio, não há mister porta; penetra por essa parede, assim como o sol passa por uma vidraça sem impedimento. Os judeus mandaram pôr grandes guardas ao sepulcro, para que não tirassem dele a Cristo; e ele, com a porta fechada e selada, por virtude do dote da sutileza, saiu da sepultura. Quando o anjo abriu a porta do sepulcro, já o Senhor não estava nele; mas abriu-a, para que as Marias pudessem entrar e ver. Da mesma sorte entrou o mesmo senhor no Cenáculo: Cum fores essent clausae (Jo. 20, 19): com as portas fechadas — porque os corpos ressuscitados são corpos com propriedades de espírito, a que não resistem nem fazem impedimento as paredes. O segundo dote é a agilidade, o qual consiste em um homem poder, quase em um momento, estar aqui, em Lisboa e na índia, e noutras maiores distâncias. Cristo no dia de hoje apareceu à Madalena no sepulcro, às Marias no caminho de Jerusalém, aos discípulos desesperados no do castelo de Emaús, aos apóstolos no Cenáculo, a S. Pedro não se sabe onde, e todas estas jornadas fez o Senhor, e fizera outras muito maiores em muito poucos momentos. Do céu empíreo à terra há tanta distância, que do princípio do mundo lançaram de lá uma bola de chumbo que corresse todos os dias oitocentas léguas, ainda não teria chegado cá abaixo. E todo este caminho andou o corpo de Cristo ressuscitado na sua Ascensão em um momento. O dote da impassibilidade faz a um corpo incapaz de dor, de enfermidade, de morte: Infer digitum tuum huc, et vide manus meas, et affer manum tuam, et mitte in Tatus meum[15]. — Ressuscitou Cristo com as cinco chagas, mas se quatro o mataram, como está agora vivo com cinco? E principalmente com a chaga do lado: Mitte in Tatus meum? — É porque um corpo imortal e impassível é incapaz de padecer e morrer, e são as feridas e as chagas nele como rubis sobre neve, que esmaltam a formosura. O dote da claridade é ficar um corpo ressuscitado muito mais formoso e resplandecente que o sol. Cristo cobriu seus raios hoje para poder ser visto, como se escreve de Moisés, porque, se o viram como ele era, morreram todos de pasmo e de contentamento. Aos apóstolos no Cenáculo apareceu no próprio hábito e figura em que andava neste mundo, só com chagas de mais; à Madalena, e aos discípulos de Emaús, apareceu transfigurado, mas de tal maneira que o não puderam conhecer nem pelo rosto nem pelo vestido, porque à Madalena se representou como hortelão, e aos de Emaús como peregrino. Só no Monte Tabor foi visto com o dote de claridade, no rosto resplandecente como o sol e nos vestidos tão alvos como a neve: Resplenduit faties ejus sicut sol: vestimenta autem ejus facta sunt alba sicut nix[16]. — E que sucedeu a S. Pedro? Viu os vestidos de Cristo com a mudança da cor, e o rosto soberano com a de raios semelhantes ao sol, e bastou esta vista, sendo só de dois acidentes exteriores, para ficar o apóstolo fora de si: Nesciens quid diceret[17] — e não querer mais vida nem mais glória: Bonum est nos hic esse[18]. — E para que depois entendesse ele, e os outros dois discípulos, que este era um dos quatro dotes com que haviam de ressuscitar, lhes disse o Senhor: Nemini dixeritis visionem, donec Filius hominis a mortuis resurgat[19]: que guardassem silêncio do que viram, até que o vissem ressuscitado. — Estes são os dotes gloriosos com que hoje ressuscitou Cristo, e com os mesmos hão de ressuscitar estes nossos corpos.

Esta consideração nos deve animar e consolar muito em nossos trabalhos, considerando que este corpo mortal, que agora padece, virá tempo em que ressuscite imortal e glorioso. Por que vos parecia que padecia Jó com tanta alegria, tantos trabalhos, perdas de fazenda, de filhas, desgostos da mulher, dores nos ossos, nos nervos, nas artérias, nos olhos na cabeça, na respiração; coberto de chagas, comido de bichos, e, contudo, sempre alegre e sempre contente? Por quê? Porque trazia uma nômina ao pescoço com umas certas palavras que lhe davam fortaleza para sofrer tudo isto. E que palavras eram estas? Scio quod Redemptor meus vivit, et in novissimo die de terra surrecturus sum[20]. — E a nômina era: Reposita est haec spes mea in sinu meo[21], — Alguns consolam-se nos trabalhos com a morte, como Elias: Petivit animae suae ut moreretur[22]. — Não há de ser assim, senão com a ressurreição. Consolar com a morte é consolação de desesperados; com a ressurreição, é de quem espera: Reposita est haec spes mea. — Olhava Jó para si, e dizia: — Padeces, corpo? Consola-te com a ressurreição, que então serás impassível. Estás feio e disforme? Contenta-te, que terás o dote da impassibilidade. Estás entrevado, sem te poder bulir: Posuisti in nervo pedem meam[23]? — Consola-te, que terás o dote da agilidade. Estás em um muladar, porque todos te fecham aporta? Consola-te, que terás o dote da sutileza, e não haverá para ti porta fechada E vós, meus olhos, não fazeis senão chorar? Consolai-vos, porque vereis a Deus: In carne mea videbo Deum[24].

§ IV

Que meio há para buscar a Cristo seguramente? O que fizeram hoje as Marias para buscar a Cristo? Se Cristo estava já ungido, para que o vêm ungir ainda mais, e por que não vieram ao sábado, senão depois que o sábado passou? As obras de obrigação e as obras de devoção. Porque acudimos antes à devoção que ao preceito?

Ora, suposto que, para não temermos a ressurreição, o meio é buscara Cristo, que meio há para o buscar seguramente? O meio que há para buscar a Cristo seguramente é fazer o que hoje fizeram as Marias. Quatro coisas fizeram as Marias hoje buscando a Cristo: primeira, buscaram a Cristo com pressuposto de que, buscando-o a ele, se achariam a si; segunda: buscaram a Cristo fazendo o que tinham de obrigação e o que tinham de devoção; mas o que tinham de obrigação, fizeram-no primeiro; terceira: não guardaram o buscá-lo para o fim do dia, senão logo no princípio dele; quarta e última: buscaram a Cristo não reparando em trabalho, nem gasto, nem em crédito, nem em perigo, nem em dificuldade. Vejamos tudo brevissimamente, e comecemos pela primeira.

A primeira coisa por onde começaram as Marfas foi comprar aromas para ungirem ao Senhor: Emerunt aromata ut venientes ungerent Jesum[25]. — E, se bem se adverte, já então Cristo estava ungido por José e Nicodemos, com cem libras de unguentos: Ligaverunt illud finteis cum aromatibus[26]. — Pois, se Cristo estava ungido, para que, vêm ungir ainda mais? Ora, vede. As Marias não vinham ungir a Cristo porque Cristo tivesse necessidade de ser ungido, senão porque elas tinham necessidade de o ungir. Para Cristo estar ungido bastava que o ungissem José e Nicodemos; mas para as Maria, terem o merecimento de o ungir, não bastava que José e Nicodemos tivessem ungido a Cristo: era necessário que elas o ungissem também, e por isso compraram aromas para o ungirem, depois de tão ungido: Emerunt aromata ut venientes ungerent. — De maneira que, em certo modo, não vieram ungir a Cristo por amor de Cristo: vieram ungir a Cristo por amor de si, Não porque Cristo tivesse necessidade daquela unção, senão porque elas tinham necessidade daquele merecimento.

Cuidam alguns que fazem grande fineza e grande serviço a Deus em o servirem. Deus não tem necessidade de nada nem de ninguém: Deus meus es tu, quoniam bonorum meorum non eges[27]; não tem necessidade de que nós o sirvamos; nós é que temos necessidade de o servir a ele. S. Francisco de Borja, recebendo em seu serviço os criados da casa de seu pai defunto, e conservando juntamente os que tinha da sua, respondeu aos que lhe diziam que eram supérfluos: Estos queden, porque tengo necessidad dellos: y essotros queden tambien, porque tienen necessidad de mi. — Deste segundo gênero é que são todos os que servimos a Deus. Não se serve Deus de nós porque tenha necessidade de nós senão porque nós temos necessidade dele. Ouçamos ao mesmo Deus: Numquid manducabo carnes taurorum, aut sanguinem hircorum potabo (SI. 49, 13)? Cuidais que me fazeis grande serviço em me oferecer grandes sacrifícios? — Porventura hei eu de comer a carne dos vossos bezerros, ou beber o sangue dos vossos cordeiros? — Da mesma maneira não tenho necessidade do vosso jejum, porque eu não como o que deixais de comer, nem muito menos tenho necessidade de vossa reza, porque tenho anjos que com melhores vozes continuamente me louvam. Finalmente, não hei mister que deis esmola aos pobres, porque eu os sustentarei com a mesma facilidade com que sustento as aves do ar e os bichinhos da terra; mas vós sois os que tendes necessidade de dar esmola, de rezar, de jejuar, e de me fazer sacrifícios. Assim que havemos de buscar, e servir, e amar a Deus com pressuposto que, quando o buscamos a ele, nos buscamos e nos achamos a nós; que quando o servimos, nos servimos; quando o amamos, nos amamos; e quando gastamos com ele, gastamos e despendemos conosco. Bem se viu nas Marias: compraram aromas; e quem se ungiu com eles? Elas, e não Cristo, porque tudo lhes ficou em casa. E o mesmo fora se ungiram ao Senhor, como lhe aconteceu a uma delas, a Madalena, que, quando ungiu ao Senhor; Capillis capitis sui tergebat[28]-dava com as mãos e recebia outra vez com os cabelos, senão que o recebia melhorado, como tocado em tão soberanas relíquias.

Com este pressuposto havemos de passar as obras que são obras de obrigação e obras de devoção, mas às de obrigação primeiro: Cum transisset sabbatum, Maria Magdalene, et Maria Jacobi, et Salome emerunt aromata ut venientes ungerent Jesum (Me.16,1): Diz o evangelista que, depois de passado o sábado, madrugaram muito as Marias, para virem ungir a Cristo com os aromas que tinham comprado e prevenido. E por que não vieram ao sábado, senão depois que o sábado passou, isto é, ao dia seguinte, que era domingo? Porque o Sábado naquele tempo e naquela lei era dia santo, e proibido nele o caminhar mais que certo número de passos: Quod est justa Jerusalem, sabbati habens iter[29]. — E como a observância do sábado era de preceito, e o ungir a Cristo era devoção, dilataram a obra da devoção, para acudirem primeiro à do preceito: Cum transisset sabbatum.

À obra do preceito se há de acudir primeiro, e deixar a Deus por amor de Deus, exercitando a obra de seu maior agrado, e pospondo qualquer outra, ainda que boa e santa, de que possa ser ofendido, Vejamo-lo em Elias, Estava Elias em um deserto metido numa cova, orando a Deus e fazendo penitência, quando por mandado do mesmo Deus lhe aparece um anjo, e lhe diz: Quid hic agis Elia (3 Rs. 19, 9)? E bem, Elias, vós aqui? Que é o que fazeis? — Repreendeu-o pelo que fazia, e pelo lugar onde estava: Quid hic agis? — Pois, estar Elias num deserto enterrado vivo numa cova, fazendo penitência, orando a Deus e contemplando, é lugar e ação digna de repreensão? Em Elias, sim, porque Elias era profeta de El-Rei Acab, e tinha obrigação de lhe pregar e de lhe dizer o que convinha; e estar no deserto era devoção, estar na corte era obrigação. E deixar a obrigação pela devoção era obra digna de ser repreendida e castigada. Deus não quer que o sirvamos com ofensa sua. Servir a Deus com ofensa de Deus é ofendê-lo, não é servi-lo. E quanto há disto hoje? Vai o outro, gasta quinhentos cruzados na festa de um santo, e não paga o que deve, nem aos oficiais que trabalharam. Isto não é serviço de Deus. Pagai o que deveis, que é obrigação, e então fareis festas, que é devoção. Vem-se confessar uma devota. Jejuais? Não. E por quê? Desmaios, fraquezas, dores de estômago, e outras escusas deste gênero. Diz-lhe o confessor: Minha irmã, tratai de vos conservar na graça de Nosso Senhor, e para isso encomendai-vos muito à Virgem, nossa Senhora. — Ah! Virgem Mãe de Deus, nunca eu deixo de lhe jejuar o seu sábado! Por isso esperava. — Pois, vinde cá: não jejuais em véspera de S. Matias, ou de S, Tomé, e jejuais o sábado? Melhor é jejuar em véspera de S. Pedro e S. Paulo, que jejuar os sábados, porque o jejum dos santos apóstolos é preceito, e o jejum do sábado é devoção. Mas sabeis por que acudimos antes à devoção que ao preceito? É porque no preceito faz-se a vontade de Deus, na devoção faz-se a vontade nossa, e nós queremos antes fazer a nossa vontade que a de Deus: In die jejunii vestri invenitur voluntas vestra (Is. 58, 3): Nos vossos jejuns fazeis a vossa vontade — diz Deus — e eu quero que façais a minha. — Tudo se pode e deve fazer como fizeram as Marias. Guardaram o sábado, que era o preceito, e fizeram a sua devoção e cerimônia ao domingo, que era devoção: Cum transisset sabbatum, ut venientes ungeret Jesum.

§ V

Quando devemos fazer como as Marias? Por que madrugam as Marias? Por que madruga o pai de famílias que saiu a alugar operários para a sua vinha? Por que se temia tanto Davi do alto dia? As grandes dificuldades de salvação e a pedra que cobria os sepulcros de Cristo e de Lázaro,

Sim, mas quando se há de fazer? No tempo em que é lícito, e logo, como fizeram as Marias: Valde mane: muito de madrugada — sem o guardar para a tarde. Cristo entra em nossas almas, ou nascendo, ou ressuscitando: na primeira graça nascendo, na segunda ressuscitando. Nasceu à meia-noite ao cantar do galo, e ressuscitou antes de sair o sol. E por quê? Para que entendamos que, para Cristo nascer ou ressuscitar em nossas almas, é necessário madrugar, e não o deixar para depois. Quem era aquele pai de famílias que saiu a alugar os operários que haviam de trabalhar na sua vinha, e quando saiu a alugá-los? O pai de famílias era Cristo; o quando foi muito de madrugada: Exiit primo mane conducere operarios in vineam suam[30]. — Parece que o pudera fazer mais tarde sem nenhum perigo, porque a todas as horas daquele dia achou sempre os operários prontos para trabalharem nela. Por que madruga logo, e tão cedo? Para nos ensinar com seu exemplo. A nossa vinha é a nossa alma; e o que é necessário para a cultivar, e colher dela o fruto que Deus espera de nós, não o havemos de dilatar, nem tardar em lhe aplicar os meios, senão madrugar, como fez o pai de famílias, não guardando para outras horas, ainda que os meios sejam certo, e não duvidosos, como é a nossa vida: Ab altitudine diei timebo (SI. 55, 4): — Eu — diz Davi — sendo um homem tão pouco medroso, sempre me temi muito do alto dia. — E que lhe fazia medo a Davi então, pois confessa esse temor? Fazia-lhe medo ser o alto dia o meio dele, e terem-se passado já tantas horas naquilo que se há de fazer antes de sair o sol: balde mane.

E que faremos nós, os que já imos tão perto de ele se nos pôr? Fazer como os discípulos de Emaús. À tarde daquele dia mostrou Cristo que se queria apartar deles, e seguir seu caminho como peregrino; mas eles não só lhe rogaram que ficasse ali, mas diz o evangelista que por força o obrigaram a isso: Coegerunt illum, dicentes: Mane nobiscum, quoniam advesperascit, et inclinata est jam dies[31].— Miseráveis daqueles que o guardam para o fim da vida, para a última hora, e para o último momento do dia! — In articulo diei illius ingressus est Noe marcam[32]. — Para o último momento do dia em que Noé se havia de embarcar na arca, e Deus a havia de fechar por fora, esteve Noé esperando com ela aberta. E que lhe sucedeu? Caso verdadeiramente maravilhoso, e digno de grande horror! Dilatou-se tanto, e esteve esperando, para ver se havia algum que se convertesse, e quisesse socorrer à arca, mas nenhum houve que chegasse; porque, quem nos anos em que se fabrica a arca se não converte, não se converte no último artigo. E para que nos não descuidemos, advirtamos que neste dia de nossa vida muitas vezes nos parece que nos restam muitas horas, e temos chegado ao último artigo em que se nos está pondo o sol. Suponde que estão três homens condenados à morte, e que mandou El-Rei que um o lançassem ao mar na altura do Cabo Verde, outro na Linha, outro no Cabo de Boa Esperança, mas qual houvesse de ser o primeiro, o segundo e o terceiro, que o levasse quem havia de fazer a execução em uma carta cerrada, a qual se abrisse naqueles mesmos lugares. Dizei-me: Haveria algum destes homens que em qualquer altura destas não fosse tremendo? Pois, o mesmo passa conosco. Todos estamos condenados à morte: uns para o Cabo Verde, que são os que morrem na flor dos anos; outros para a Linha, que são os que morrem de meia idade; outros para o Cabo de Boa Esperança, que são os que morrem na velhice; mas em toda a parte havemos de ir com grande medo, por não sabermos quando chegará o nosso cabo. Pois, para isso preparemo-nos logo em saindo da barra, que isto é oprimo mane.

Assim o devemos fazer, e assim o fizeram as Marias, sem reparar em trabalho, nem perigo, nem em gasto, nem em descrédito, nem, finalmente, em dificuldade alguma. Não repararam em trabalho, porque se levantaram muito de madrugada, saíram de casa, andaram pelas ruas da cidade, e saíram dela até o Monte Calvário e vale do sepulcro. Nem repararam em perigos, que eram muitos pela escuridade da noite, pelo horror natural dos lugares desertos e medonhos, e pelo temor das guardas dos muros, e, principalmente, pelos que guardavam a entrada selada e cerrada do monumento. Nem repararam em gasto, por que despenderam o dinheiro, e muito dinheiro, em comprar os aromas preciosos, pois uma e a principal delas era a Madalena, tão costumada a despender muito em serviço de Cristo. Nem repararam em crédito, sendo Madalena senhora tão ilustre, acompanhando as que eram mulheres e mães de pescadores; e nem ela, nem as demais, em serem vistas naqueles lugares tão suspeitosos, como são, à honra e à virtude, os adros e cemitérios àquelas horas. Finalmente, não repararam em dificuldades, porque, dizendo e duvidando entre si: Quis revolvet nobis lapidem (Mc. 16. 3)? — quem lhes havia de tirar da porta da sepultura a pedra, muito maior que suas forças: Erat quippe magnus valde[33] — nem por isso pararam, ou tornaram atrás; antes, foram por diante, seguindo animosamente seu intento, e confiando em Deus.

O mesmo havemos de fazer nós: nem nos engane o mundo com a falsa apreensão do descanso, porque com um pequeno trabalho alcançaremos descanso eterno. Nem nos engane com os seus falsos perigos, pois, quando muito, podem chegar até à morte desta vida, que necessariamente há de acabar. Nem nos engane com o seu falso interesse, porque, por uma pequena despesa, alcançaremos os interesses do céu; nem nos engane com a sua falsa honra, porque, por um pequeno descrédito com os homens, alcançaremos eterna glória entre os anjos. E, finalmente, não nos acovarde dificuldade alguma, porque, quanto maiores, tanto mais nos facilita Deus o vencê-las. Eu antes quero grandes dificuldades que as pequenas, porque as pequenas correm por minha conta, as grandes por conta de Deus. Na ressurreição de Lázaro mandou Cristo aos que estavam presentes que levantassem a campa da sepultura: Tollite laoidem[34]. — E por quê? Não seria muito maior circunstância de um milagre, que tantas teve de assombro, sair Lázaro de dentro estando a sepultura cerrada? Sim, seria. Pois, por que manda o Senhor que tirem primeiro a campa que a cobria? Porque a campa podiam-na tirar os homens, e ressuscitar a Lázaro defunto só Cristo podia. Para nos ensinar que, se fazemos o que está em nossa mão, e o que podemos, ele fará o demais, que só ele pode. Bem se viu no caso presente. As Marias reconheceram que de nenhuma maneira podiam abalar nem tirar da porta da sepultura a grande pedra que a fechava: Quis revolvet nobis lapidem? Erat quippe magnus valde[35]. — E como elas tinham feito o que podiam para ungir o sagrado corpo, tomou o Senhor por sua conta o que ele só podia fazer. E que foi? Angelus enim Domini revolvit lapidem, et sedebat super eum[36]. — Acharam a sepultura aberta e a pedra tirada, e um anjo, que a tirara, assentado sobre ela, que lhes deu as alegres novas da ressurreição.

§ VI

Se Cristo, hoje ressuscitado, tivesse abandonado a empresa da redenção, ficaria bem reputado seu crédito e sua honra entre os homens e anjos? O que devemos imitar todos no soberano mistério da ressurreição?

Dizei-me, e acabemos com o maior exemplo. Não vos parece que Cristo, hoje ressuscitado, fez bem em morrer? Que dificuldades, que trabalhos, que afrontas e descréditos, que amarguras e dores não experimentou em sua paixão? As bofetadas, os açoites, os espinhos da coroa, o peso da cruz, a companhia dos ladrões, as feridas dos cravos, a ânsia, a angústia, o tormento mortal de estar pregado e suspenso, derramando todo o sangue das veias, até lhe faltar a vida e render a alma: tudo isto se lhe representava vivamente na oração do Horto, repugnando a natureza, e pedindo remédio ao Padre, tantas e tão repetidas vezes, se fosse possível. E se o mesmo Padre condescendesse com a sua petição, e ele deixasse a empresa, e vivo, sem morrer, tornasse para o céu, parece-vos, tomo a perguntar, que ficaria bem reputado seu crédito e sua honra entre os homens e anjos? E que teria rosto — digamo-lo assim-para lá aparecer entre eles, e cá entre nós? Mas porque não fez caso de trabalhos, de dores, de ignomínias e afrontas, e da mesma morte tão cheia de tormentos, por isso tão confiadamente aparece hoje a todos ressuscitado, e com tantos aplausos do céu e da terra, entre os mesmos homens e anjos, e muito mais à destra de seu Eterno Padre será por todas as eternidades glorificado.

Isto é o que sobretudo devemos imitar todos neste soberano mistério da ressurreição, lembrando-nos sempre, e pondo como em balança, de uma parte as poucas horas que duram aquelas penas e tormentos, e os infinitos séculos e eternidades sem fim que há de durar sua glória e a nossa, pela qual padeceu Cristo com grande alegria: Proposito sibi gaudio, sustinuit crucem[37], — Oh! como dirá então cada um de nós, falando consigo, em tanta diferença de estado: Oh! bem-aventurados trabalhos, que me trouxeram a tão grande descanso! Bem-aventurada despesa, que me trouxe tão grandes interesses! Bem-aventurado descrédito, que me trouxe a tão grande honra! Bem-aventurados perigos, que me trouxeram a tão grande segurança! E bem-aventurada vitória de todas as dificuldades, que me trouxe a um tão grande prêmio, como é o da glória! Ad quam nos, etc.



[1] Não tenhais pavor; vós buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu, já não está aqui (Mc. 16, 6).

[2] E Maria Madalena, e a outra Maria, estavam ali sentadas defronte ao sepulcro (Mt. 27, 61).

[3] Não tenhais pavor; vós buscais a Jesus: ressurgiu (Mc. 16, 6).

[4] Muito cedo, quando já o sol era nascido (ibid. 2).

[5] E elas, saindo logo, fugiram do sepulcro, porque as tinha assaltado o sobressalto e o pavor (ibid. 8).

[6] E a ninguém disseram coisa alguma, porque estavam possuídas de medo (ibid.).

[7] Tremeu a terra (Mt. 27, 51).

[8] Houve um grande terremoto (Mt. 28, 2).

[9] Todo o povo que assistia, retirava-se batendo nos peitos (Lc. 23, 48).

[10] Ficaram possuídas de sobressalto e pavor (Mc. 16, 8).

[11] Certas mulheres, das que conosco estavam, nos espantaram (Lc. 24, 22).

[12] Vós outras não tenhais medo, porque sei que vindes buscar a Jesus, que foi crucificado (Mt. 28, 5).

[13] Nem a morte terá sobre ele mais domínio (Rom. 6, 9).

[14] Eu sei que no derradeiro dia surgirei da terra, e serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei a meu Deus, a quem eu mesmo hei de ver, não outro (Jó 19, 25 ss).

[15] Mete aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega também a tua mão, e mete-a no meu lado (Jo. 20, 27).

[16] O seu rosto ficou refulgente como o sol, e as suas vestiduras se fizeram brancas como a neve (Mt.17, 2).

[17] Não sabendo o que dizia (Lc. 9,33).

[18] Bom é que nós aqui estejamos (ibid.).

[19] Não digais a pessoa alguma o que vistes, enquanto o Filho do homem não ressurgir dos mortos (Mt. 17. 9).

[20] Eu sei que o meu Redentor vive, e que eu no derradeiro dia surgirei da terra (Jó 19, 25).

[21] Esta minha esperança está depositada no meu peito (ibid. 27)

[22] Desejou para si a morte (3 Rs. 19, 4)

[23] Tu puseste os meus pés em um cepo (Jó 13, 27).

[24] Na minha própria carne verei a Deus (Jó 19, 26).

[25] Compraram aromas para irem embalsamar a Jesus (Mc. 16, 1).

[26] E o ligaram envolto em lençois (Jó 19, 40).

[27] Tu és o meu Deus, porque não tens necessidade dos meus bens (SI. 15, 2).

[28] Enxugava com os cabelos da sua cabeça (Lc. 7, 38).

[29] Que está perto de Jerusalém, na distância da jornada de um sábado (At. 1, 12).

[30] Saiu ao romper da manhã a assalariar trabalhadores para a sua vinha (Mt. 20, 1).

[31] Eles o constrangeram, dizendo: Fica em nossa companhia, porque já é tarde, e está o dia na sua declinação (Lc. 24, 29).

[32] Ao ponto que chegou àquele dia, entrou Noé na arca (Gên. 7, 13).

[33] Era ela muito grande (Me. 16, 4).

[34] Tirai a campa (Jó 11, 39).

[35] Quem nos há de revolver a pedra? Era ela muito grande (Mc. 16, 3 s).

[36] Porque um anjo do Senhor revolveu a pedra, e estava sentado sobre ela (Mt. 28, 2).

[37] Havendo-lhe sido proposto gozo, sofreu a cruz (Hebr. 12, 2).