Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

Henrique Lombaerts


Texto-fonte:

Obra Completa, Machado de Assis,

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994.

Publicado originalmente em A Estação , Rio de Janeiro, 15/07/1897.

Durante muitos anos entretive com Henrique Lombaerts as mais amistosas relações. Era um homem bom, e bastava isso para fazer sentir a perda dele; mas era também um chefe cabal da casa herdada de seu pai e continuada por ele com tanto zelo e esforço. Posto que enfermo, nunca deixou de ser o mesmo homem de trabalho. Tinha amor ao  estabelecimento que achou fundado, fez prosperar e transmitiu ao seu digno amigo e parente, atual chefe. A Estação e outras publicações acharam nele editor esclarecido e pontual. Era desinteressado, em prejuízo dos negócios a cuja frente esteve até o último dia útil da sua atividade.

Não é demais dizer que foi um exemplo a vida deste homem, um exemplo especial, por que no esforço continuado e eficaz, ao trabalho de todos os dias e de todas as horas não juntou o ruído exterior. Relativamente expirou obscuro; o tempo que lhe sobrava da direção da casa era dado à esposa, e, quando perdeu a esposa, às suas recordações de viúvo.