Delminda Silveira de Souza se destacou entre nossos poetas românticos, ao tempo em que ainda não eram dadas à mulher muitas condições de participar da vida intelectual e cultural. Delminda nasceu na localidade da Prainha, na antiga Desterro, descendente de povoadores açorianos. Como os livros registram várias datas diferentes de morte, também as datas de nascimento variam. E, por estranho que pareça, até o Livro de Assentamentos de Batismo único registro da época traz dois registros diversos no Livro 18: um, feito a 23 de outubro de 1854, dando como data de nascimento o dia 16 de outubro do mesmo ano; e outro, feito a 4 de fevereiro de 1856, dando como data de nascimento o de 27 de janeiro daquele ano de 1856 (a informação foi prestada pela Sra. Carolina Silveira de Souza Rodrigues Alves). Rápida reconstituição genealógica nos dará o quadro seguinte: Francisco Silveira de Souza e sua esposa, Catarina da Conceição, naturais de Açores, foram pais de Anastácio Silveira de Souza (1743-1815), que se casou com Rufina Clara de Santo Antônio, nascendo-lhes o filho José Silveira de Souza (1791-1871). Este último foi pai de João Silveira de Souza (ilustre Conselheiro, jurista, Ministro de Estado do Império e Governador de várias Províncias, além de poeta), Thomaz Silveira de Souza (cirurgião-mor), José Silveira de Souza Júnior, e mais duas filhas. José Silveira de Souza Jr., funcionário público, tesoureiro da Alfândega de Desterro, casando-se com Caetana Xavier Pacheco da Silveira, teve os seguintes filhos: Júlio Augusto, Maria José, Delminda e João Alcebíades (tendo este último sido pai do desembargador Alcebíades Valério Silveira de Souza). Delminda estudou em sua terra natal Francês, Latim e noções de Literatura com o Prof. Wenceslau Bueno de Gouvêa, cujo aprofundado espírito e religioso e convívio com a poesia se comunicaram à aluna. Não cursou, porém, escolas secundárias, tendo adquirido grande preparo intelectual por estudos pessoais e leitura, o que lhe possibilitou, inclusive, lecionar Francês e Português no Colégio Coração de Jesus. Mesmo na juventude, nunca procurou o brilho e a distinção no torvelinho da vida social, preferindo a convivência com os livros e com os sonhos. O amor, avaro, também não lhe sorriu, desfazendo-lhe muitos sonhos em ilusões. Desde jovem revolucionou-se de grande sensibilidade e com inclinação poética. Moça de visão intelectual superior, criou-se em choque com o meio acanhado em que vivia. Daí tornar-se uma pessoa retraída, recolhida em si mesma, modesta, levando uma vida solteira, voluntariamente obscura, bastante solitária, quase sempre vestida de preto, mas sempre distinta na apresentação e inteiramente dedicada à sua profissão. Não pertencia ao quadro do Magistério Público, inclusive por falta de diplomas oficiais, mas lecionou com muita dedicação, particularmente, destacando-se entre suas alunas a figura expressiva de Antonieta de Barros. Espírito de profunda religiosidade, cultivou a fé com persistência, tendo pertencido à Irmandade do Senhor dos Passos. Faleceu na tarde de 12 de março de 1932, em sua residência na rua Visconde de Ouro Preto, n0 12, no exato Sábado em que acontecia a tradicional procissão de transladação da imagem do Senhor dos Passos, da Igreja do Menino Deus para a Catedral. Registra a imprensa da época que "sucumbiu a pertinaz enfermidade, que zombou de todos os cuidados médicos", tendo a "causa-mortis" sido congestão cerebral. Seu sepultamento deu-se no cemitério da Irmandade do Senhor dos Passos. Junto ao túmulo, o desembargador José Boiteux proferiu oração fúnebre, recordando alguns poemas seus (oração transcrita em "A Pátria", de 17/03/32. O jornal "República" dedicou-lhe integralmente sua página "Domingo Literário", na edição de 20 de março de 1932, dirigida por Maura de Senna Pereira, transcrevendo oito poemas do livro inédito que deixou "Indeléveis". Delminda integrou, como fundadora, a Academia Catarinense de Letras, na qual ocupou a cadeira n0 10. A Prefeitura de Florianópolis prestou-lhe posteriormente homenagem, conferindo seu nome a uma rua na região da Penitenciária.
Source(s) of data
A MULHER NA LITERATURA (Grupo de trabalho - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística). Portal do grupo de trabalho A Mulher na Literatura. Disponível em: http://www.amulhernaliteratura.ufsc.br/.
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893. 7 v.
Inauguração da primeira estrada de ferro do Brasil
1855
1855
Início da carreira literária de Machado de Assis
1857
1857
Cultura: Flaubert publica Madame Bovary
1857
1857
08/03 - ataque incendiário da polícia causa morte de 129 operárias americanas, na fábrica Cotton, em Nova York. Na data, foi instituído o Dia Internacional da Mulher.
1859
1859
Ciência: Darwin lança A Origem das Espécies
1861
1861
Brasil e Inglaterra rompem relações diplomáticas
1861
1861
O Paraguai declara guerra ao Brasil - Solano Lopes invade o Mato Grosso
1861
1865
Guerra da Secessão nos Estados Unidos
1861
1861
Rompimento de relações entre Brasil e Inglaterra (Questão Christie)
1864
1865
Guerra contra Aguirre, do Uruguai
1865
1870
Guerra do Paraguai
1867
1867
Inauguração da estrada de ferro Santos-Jundiaí
1867
1867
Publicação de "O Capital", de Carl Marx
1869
1869
Inauguração do canal de Suez
1870
1870
Lançamento da Campanha Republicana no RJ
1870
1889
Declínio do Império no Brasil
1870
1870
Intelectuais portugueses debatem idéias anti-burguesas e anti-românticas
1871
1871
Lei do Ventre Livre, declara libertos os filhos de escravos, nascidos a partir dessa data
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