Dino Buzzati nasceu em 1906 nas proximidades de Belluno, em uma modesta propriedade rural pertencente à sua família. Sua mãe, natural de Veneza, era médica veterinária, enquanto seu pai, membro do corpo docente universitário, vinha de uma linhagem ancestral ligada a Belluno.
A incursão de Buzzati na escrita de narrativas ficcionais começou em 1933, abrangendo uma variedade de gêneros, como romances, composições teatrais, criações radiofônicas, libretos, poesia e contos.
Ele frequentou o Liceo Classico Parini de Milão e desde jovem mostrou inclinações que moldariam suas vivências futuras: escrevia, ilustrava, se aprofundava no violino e no piano, além de nutrir uma paixão pela montanha, que culminou em sua primeira novela, Bàrnabo delle montagne (1933).
Em 1924, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Milão, onde seu pai havia lecionado. Ao terminar seus estudos de direito aos 22 anos, ele abraçou o jornalismo como integrante do influente periódico milanês Corriere della Sera. Também defendeu sua monografia em direito, intitulada La natura giuridica del Concordato.
Começou sua carreira jornalística não como repórter, mas desempenhando várias funções, como correspondente especial, ensaísta, editor e crítico de arte. O trabalho no jornalismo teve um impacto significativo em seus textos, conferindo autenticidade mesmo às suas histórias mais fantasiosas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Buzzati atuou como correspondente naval da Marinha italiana na África. Após a guerra, lançou sua obra-prima, Il deserto dei Tartari (1940), que obteve reconhecimento global e sucesso entre os críticos. Sua experiência no exército antes da guerra foi fundamental para a elaboração desse romance, que foi adaptado para o cinema por Valerio Zurlini, em 1976.
A partir de 1936 colabora com contos e outros textos para jornais e revistas, que posteriormente foram reunidas em obras como I sette messaggeri (1942), Paura alla Scala (1949), Il crollo della Baliverna (1954), Sessenta racconti (1958) – que ganhou o Prêmio Strega –, Il colombre (1966) e Le notti difficili (1971). Em 1960, ele publicou Il grande ritratto (1960), um ensaio literário quase de ficção científica, onde explorou o universo feminino de maneira inédita. Três anos depois, em Un amore, cuja narrativa apresenta um personagem curioso, Antonio Dorigo, que descobre o amor ao chegar aos cinquenta anos de idade. Há indícios sugestivos de que essa obra contenha elementos autobiográficos, já que Buzzati, aos sessenta anos, casou-se com Almerina Antoniazzi.
Buzzati também concebeu enredos cinematográficos, como Il viaggio de G. Mastorna, em parceria com Federico Fellini, e produziu textos líricos para óperas. Ganhou o Prêmio de Jornalismo Mario Massai (1970) pela peça Nell’estate (1969), veiculada no Corriere della Sera.
Apesar disso, Buzzati sempre recusou ser categorizado como um autor, preferindo se identificar como um modesto jornalista que ocasionalmente produzia contos ou romances. No entanto, seu percurso literário e as incursões pela pintura problematizam essa perspectiva.
No Brasil, várias obras de Buzzati foram traduzidas para o português e estão disponíveis. A famosa invasão dos ursos na Sicília foi traduzida por Nilson Molin e publicada pela editora Berlendis e Vertecchia em 2011. Além disso, há a tradução de A queda da Baliverna por Karina Jannini, editada pela Nova Alexandria em 1997. Outra obra de destaque é As Montanhas são proibidas, cuja tradução de José Paulo Paes, lançada pela Companhia das Letras em 1993. Também temos As noites difíceis, traduzido por Fulvia M. L. Loreto, lançado pela Editora Nova Fronteira em 1986. Barnabo das Montanhas teve sua tradução realizada por Maurício Santana Dias e também foi publicado pela Editora Nova Fronteira em 2011, que já havia lançado em meados da década de 1980 outros textos como Naquele exato momento (1986), na tradução de Fulvia M. L. Loreto, Um amor (1985), com tradução de Tiziana Giorgini. E é a mesma editora que lança em 1984 seu romance mais conhecido, O deserto dos Tártaros, traduzido por Aurora Fornoni Bernadini e Homero Freitas de Andrade. Outra editora que se interessa pela figura de Buzzati é a editora Cosac & Naify, que na tradução de Eduardo Sterzi, lança em 2010, a obra em quadrinhos Poema em quadrinhos.
Dino Buzzati faleceu em 1972, aos 68 anos, após uma longa batalha contra um câncer, na clínica La Madonnina, em Milão.
Source: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dino_Buzzati
Dino Buzzati Traverso (San Pellegrino di Belluno, 16 de outubro, 1906 — Milão, 28 de janeiro, 1972) foi um escritor italiano, bem como jornalista do Corriere della Sera. Sua fama mundial se deve principalmente ao seu romance Il deserto dei Tartari, de 1940, traduzido para português como O Deserto dos Tártaros. Dino Buzzati detém um estilo inconfundível, que não obedece a modas e etiquetas, explorando sempre uma visão fantástica e absurda do real. A sua obra está traduzida em inglês, francês, alemão e espanhol e difundida largamente em todo o mundo.
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