Elsa Morante

Elsa Morante nasce em Roma, em 1912 e já pequena manifesta certa intimidade e gosto pela palavra. Filha de mãe judia e professora, aprende a ler e a escrever sozinha, antes mesmo de frequentar a escola. Com 21 anos, passa a colaborar com o chamado Corriere dei piccoli, uma revista semanal de histórias em quadrinhos, suplemento do grande jornal italiano Corriere della Sera, publicada entre 1908 e 1996 e dedicada ao público infantil. Na revista, Morante publica 8 contos, durante os anos de 1933 e 1937. Sua profissão como escritora, portanto, inicia com a publicação desses contos, e também de outros textos que foram publicados em jornais e revistas, dessa vez, sob os pseudônimos masculinos Antonio Carrera e Renzo Diodati, que facilitavam sua aceitação – consideremos o difícil acesso das mulheres à educação, e ao meio literário majoritariamente composto por homens. Em 1941, casa-se com o escritor Alberto Moravia (1907-1990) com quem vive uma intensa relação permeada pelo amor e também por crises, visto que Moravia era bastante reconhecido no âmbito literário e Elsa desejava conquistar sua autonomia, sem depender da figura masculina do marido. Por seu intermédio, conhece Pier Paolo Pasolini, Umberto Saba, Sandro Penna, Attilio Bertolucci e Natalia Ginzburg, autores que deixaram suas marcas em sua escrita, e que compunham o círculo literário que passou a integrar. 

        Morante publica seu primeiro romance em 1948, Menzogna e Sortilegio (que não foi traduzido para o português), reflexo do período em que esteve exilada junto de Moravia. Em setembro de 1943, o casal foge de Roma, refugiando-se em Fondi, uma pequena cidade montanhosa, próxima à capital italiana. Ali permanecem em uma cabana, por oito meses, na companhia de outras pessoas que se encontravam em situação semelhante. Somente em junho de 1944 conseguem retornar à Roma.

No que tange sua presença no Brasil, Elsa Morante esteve em carne e osso em Brasília e no Rio de Janeiro, para acompanhar Moravia (traduzido no Brasil desde 1948), no verão de 1960. Curioso é que nessa data, ela já havia publicado na Itália alguns de seus livros mais importantes como Il gioco secreto, Menzogna e Sortilegio, L’isola di Arturo, Alibi, e seu corpo, agora literário, volta ao Brasil apenas em 1976 com a publicação de A História. Suas traduções no Brasil apontam para os anos de 1976, 1981, 2003, 2017 e 2019. As investidas de suas novas traduções apontam para a fama internacional de Elena Ferrante e o crescente, mas ainda tímido, movimento de traduções da literatura escrita por mulheres. 

Verbete por Helena Bressan Carminati (2023).