Andrea Zanzotto nasceu no ano de 1921 em Pieve di Soligo, Itália. Seu pai, Giovanni, era um artista, pintor e miniaturista, formado pela Accademia di Belle Arti de Bolonha. Durante a infância do filho Andrea, Giovanni, devido a seus posicionamentos políticos antifascistas, se afastou da família, tendo de ir inclusive para o exterior em busca de trabalho, retornando para Pieve di Soligo em 1933.
Começou a frequentar a escola primária em 1927 e já demonstrava interesse pela musicalidade das palavras. No instituto magistral, o poeta desenvolveu um forte interesse pela literatura e começou a escrever poesia. Em 1938, após obter seu diploma do liceu clássico, começou a frequentar a Faculdade de Letras da Universidade de Padova, onde estudou com o renomado professor Diego Valeri, que colaborou com a expansão de seus horizontes literários, explorando as obras de Charles Baudelaire e descobrindo Arthur Rimbaud.
Em 1942 conclui os estudos universitários com uma monografia dedicada a Grazia Deledda. Um ano depois, com o avanço da Segunda Guerra Mundial, foi convocado pelo serviço militar e inicialmente enviado para Ascoli Piceno. No entanto, devido à asma e alergias, foi designado para serviços não armados. Levou alguns livros, dentre eles, Frontiera, de Vittorio Sereni. O período em Ascoli Piceno foi marcado por uma alteração nervosa e um estado de prostração, além da escrita de alguns poemas que mais tarde fariam parte de Por Trás da Paisagem e Vocativo. Depois de 8 de setembro de 1943, Zanzotto aderiu à Resistência italiana, unindo-se aos Partigiani e trabalhando na propaganda e impressão de materiais para o movimento. Após a guerra, Zanzotto emigrou para a Suíça, em 1946, onde trabalhou como professor e barista, retornando à Itália em 1947 para retomar seu envolvimento com a cena literária e política italiana.
Em 1951 ganhou o Prêmio San Babila por um grupo de poemas que mais tarde foram publicados sob o título Dietro il paesaggio. Esses poemas foram publicados também em 1954, na coleção dirigida por Vittorio Sereni, Elegia e Altri Versi, com prefácio de Giuliano Gramigna. Neste mesmo ano passou num concurso para professor do ensino médio em Cornegliano. No final dessa mesma década, em 1959, Andrea Zanzotto se casou com Marisa Michieli e publicou "Vocativo", livro de poemas que marcou uma mudança em seu percurso poético, afastando-se do hermetismo para uma linguagem mais acessível e direta. Nos anos 60, continuou a escrever poesia e prosa criativa, publicando obras como IX Egloghe, de 1962 e Sull'Altopiano, em 1964. Com IX Ecloghe, foram introduzidos elementos psicológicos e uma nova forma expressiva, aproximando-o das experiências da neo-vanguarda. Sua poesia tornou-se cada vez mais introspectiva, com um eu autobiográfico que questionava sua relação com a realidade, assim como seu interesse por figuras do pensamento como Ernst Bloch e Jacques Lacan, que também influenciaram seu trabalho, especialmente no que diz respeito a aspectos da linguagem, da subjetividade e do inconsciente.
Com La Beltà (1968), o poeta se debruçou sobre objetos e paisagens que parecem suspensos em uma realidade indefinida, incorporando técnicas poéticas inovadoras, como a fragmentação, a associação livre de palavras, as imagens e o uso criativo da linguagem, para criar uma poesia que transcende os limites da mera descrição e mergulha nas complexidades da experiência humana e da relação com o mundo natural. Sua linguagem se tornou rarefeita, caracterizada por fonemas e balbucios, lembrando a linguagem das crianças.
Um momento crucial em sua poética é também representado pela trilogia composta por Il galateo in bosco (1978), Fosfeni (1983) e Idioma (1986). Nestas obras, Zanzotto aborda a ruptura entre a natureza e a história, descrevendo a catástrofe em três fases: eventos externos, experiência linguística e consequências psicológicas e culturais. A própria linguagem se torna ainda mais um elemento central em sua poética, com o uso do Petél, uma criação do autor que representa a linguagem infantil e a presença de expressões em diferentes idiomas. Esses elementos, embora enriqueçam a obra, podem criar desafios na leitura e na comunicação, proporcionando uma experiência desafiadora ao leitor. Zanzotto sustentava a convicção de que a linguagem não conseguia plenamente capturar a totalidade da experiência humana. Nesse sentido, ele explorava a autenticidade da existência por meio do "patrimônio linguístico", imerso em um estado de "regressão afásica", ou seja, essa abordagem refletia sua busca por uma expressão mais genuína, transcendendo as limitações percebidas da linguagem convencional.
A poética de Andrea Zanzotto é caracterizada por uma jornada expressiva em constante evolução, que escapa aos protocolos interpretativos tradicionais e às categorizações convencionais. Sua formação poética foi influenciada por uma ampla gama de leituras, que vão desde autores clássicos como Pùblio Virgílio Maro e Dante Alighieri até figuras contemporâneas como Friedrich Hölderlin, Arthur Rimbaud, Federico Garcia Lorca e muitos outros. O poeta possui uma obra rica pois, além de poesias, escreveu ensaios e prosas, como Premesse all’Abitazione, traduziu e também deixou alguns textos para a literatura infantil. Essas publicações reforçam a sua presença no panorama da literatura italiana na segunda metade do Séc. XX.
Verbete por Luiz Paulo de Castro (2024)
Source: https://pt.wikipedia.org/wiki/Andrea_Zanzotto
Andrea Zanzotto (Pieve di Soligo, 10 de outubro de 1921 - 18 de outubro de 2011) foi um poeta e escritor italiano, filho de Giovanni e Carmela Bernardi. Em suas obras trata do amor a sua terra natal.
Sem comentários. Para você comentar, faça o login!